A demissão de Soninha Francine do cargo de secretária de Assistência Social pelo prefeito João Doria, surpreendeu muitas pessoas. Até mesmo a secretária relata em entrevista e em postagem na sua página virtual que, ao contrário do que declarou o prefeito na gravação transmitida na segunda-feira pelo Facebook, não queria deixar o cargo. Se a ideia de Doria foi dar transparência a sua atitude, não deu certo. Ele acabou criticado na rede social. A “cara feia” de Soninha revelou que o discurso do prefeito não batia com a realidade. Ela afirma que, apesar das cobranças, não saiu do cargo porque queria concluir os projeto iniciados, mas não correspondeu às expectativas de Doria, no curto prazo.
Uma das idealizadoras e coordenadora da Comissão de Idosos da Lapa, Márcia Lucchesi, se disse assustada com a sua saída da secretaria. Logo que Soninha foi anunciada por Doria como secretária de Assistência Social, a fundadora da Comid Lapa entregou a ela reivindicações como a revitalização do Hospital Sorocabana (fechado desde 2010) com uma ala destinada aos idosos, a ampliação do Programa de Acompanhamento do Idoso, gerida pela Organização Social Associação Saúde da Família, para atendimento aos idosos na Lapa de Baixo, e a reavaliação da Rede de Defesa e Proteção ao Idoso – RDPI – Lapa (CRAS), com a participação dos movimentos sociais e moradores na coordenação. “Alguns pedidos avançaram em relação ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social). Eles abriram mais (o diálogo) e foi montada uma rede de proteção aos Idosos com a participação do Comid Lapa e unidades de saúde (como solicitado à secretária)”, relata Márcia. “Soninha era acessível para a gente. Ele (secretário Filipe Sabará) é um empresário e está mais distante”, confirma Márcia preocupada quanto ao futuro dos projetos para a terceira idade na Lapa. A expectativa é que o prefeito regional Carlos Fernandes faça a ponte entre o Comid e o novo secretário Filipe Sabará.
A questão dos moradores de rua e usuários de drogas que ocupam as calçadas e o canteiro central da Avenida Gastão Vidigal, na Vila Leopoldina, foi outro desafio que Soninha abraçou. É um tema polêmico e complexo. Doria anunciou parcerias para qualificação e modernizar os albergues, mas a unidade da Vila Leopoldina ainda continua sem mudança. Os projetos dos Espaços Vida estão nas mãos do ex-adjunto, hoje titular da vaga deixada por Soninha. Apesar de ser amigo do prefeito, Sabará também será cobrado por resultados, se não pelo prefeito, pela população da região. Mesmo com a demissão, a moradora da Pompeia, vereadora e ex-secretária diz que “amou” a experiência e retorna à Câmara Municipal para assumir sua vaga com muito mais conhecimento e informações.
A busca de parcerias e doações virou uma marca da gestão do tucano que cobra seus secretários e prefeitos regionais. Especializado em marketing, ele pede e recebe doações com facilidade, mas no médio e longo prazo o método pode desgastar e se transformar em risco. Em seu plano, Doria deixou claro que quem não cumprisse as metas seria demitido. O comentário no meio político é que outras alterações estão por vir, tanto de secretários quanto de prefeitos regionais. A demissão de Soninha foi a primeira a abrir caminho para novas mudanças.