A nova coordenadora do Centro Cultural Tendal da Lapa, Bel Toledo convidou os coletivos e artistas que desenvolvem atividades no espaço para uma reunião na quarta-feira (19).
Após sua posse há dez dias, alguns deles reclamaram pelas redes sociais que ela estava impondo novas regras que não eram condizentes com o trabalho desenvolvido no Tendal. Eles também se queixaram da prioridade de espaço e horário que Bel daria ao segmento circense, área na qual ela atuou por mais de 30 anos (no Circo Escola Picadeiro).
Indicada para o cargo pelo secretário municipal de Cultura, André Sturm, a nova coordenação do Tendal da Lapa recebeu críticas de um grupo que não a reconhece como representante do segmento. “É importante enfatizar que o Tendal vai aprofundar-se na sua vocação e voltar à origem, que é a arte circense em todas as suas formas, tornando-se um centro de qualificação e aprimoramento no qual grupos selecionados por meio de um edital, farão residência artística, trocando saberes e informações para contribuir para aperfeiçoamento tanto do circo quanto do próprio espaço”, disse a nova coordenadora. “Outras linguagens não ficarão de fora da programação: música, teatro, dança e artes visuais também integram a oferta cultural de um espaço que pode e deve explorar todo seu potencial a favor da arte”, diz Bel.
O coordenador de Centros Culturais e Teatros da SMC, Jurandy Valença, explicou que o diálogo foi aberto para conhecer os coletivos e atividades para readequar dias e horários sem prejudicar ninguém. “Vamos ouvir as pessoas para que o Tendal seja ocupado da melhor forma possível”, disse ele.
Segundo Jurandy, o objetivo é que os voluntários que prestam atendimento no espaço sejam admitidos como oficineiros. Os comentários de que Bel daria prioridade à qualificação circense se espalhou por grupos com ataques à nova coordenadora. “Estou aqui por uma escolha pessoal do secretário, de 30 anos de experiência em circo (Circo Escola Picadeiro). Tenho certeza que fiz um bom trabalho e estou satisfeita de trabalhar nesse projeto. Em princípio era para ser coordenadora do núcleo de qualificação de circo, mas o secretário viu que poderia ser coordenadora”, explicou Bel.
Ela lembrou que as atividades sonoras em um mesmo horário devem passar por adequação. “É muita gente e a interferência é quase natural”. O medo dos coletivos é que a nova coordenadora esvazie as linguagens artísticas existentes para transformar o Tendal somente em uma escola de qualificação de circo. Na reunião foram distribuídas fichas para que os usuários do espaço se cadastrem e indiquem as atividades desenvolvidas, horários atuais e alternativos, para readequação do uso do Tendal. “Vamos organizar primeiro o que está aqui para depois abrir para novas linguagens. O circo é uma linguagem nova que vai ter ocupação de grupos”, conclui Jurandy que promete realizar novas reuniões com os ocupantes do Tendal.