Transformação e permanência

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Faz parte da dinâmica da cidade, da região e dos bairros se transformar. Passado e presente convivem, de forma discrepante ou harmônica, mas estão lá, lado a lado. A Lapa é um bom exemplo disso, com um crescimento vertiginoso de novos e modernos empreendimentos próximos a estruturas que devem ser preservadas pelo seu valor histórico. Entre elas, a casa de bailes União Fraterna, a sede centenária da Companhia Melhoramentos, a Casa Amarela, primeiro imóvel registrado na Vila Romana, o Mercado da Lapa, a City Lapa, o ponto de ônibus na Praça Coronel Cipriano de Morais, da década de 60 e último da sua geração, e, tombado desde o final do mês passado, o Nacional Atlético Clube, berço do futebol brasileiro. Isso para citar apenas alguns.

A decisão de proteger o gramado e arquibancada coberta do clube incita a discussão da importância de preservar a memória do bairro diante da constante especulação imobiliária. Claro que terrenos que estão sem uso funcional devem dar lugar a novos prédios ou equipamentos públicos e privados que atenderão a população. Mas é fundamental manter a história do bairro para que as próximas gerações tenham acesso e contato com uma realidade que não existe mais, em um presente que está sempre em transformação.

A Toca da Onça é outro exemplo. É bastante válida a proposta da prefeitura regional de transformar uma passagem improvisada, porém bastante utilizada, em um ponto turístico e apreciado na região, além de pedir que a população colabore com a sua manutenção. Com isso, poderá ficar no passado a ideia de que a Toca é um túnel depredado e armadilha para assaltos. A passagem conta hoje com obras de grafite, em uma combinação muito interessante do moderno em uma estrutura antiga. No sábado (9), uma nova ação de arte urbana será realizada no local, dessa vez no muro da CPTM, para dar mais cor à uma parte apagada da Rua John Harrison.

Uma região com um passado tão interessante quanto o da Lapa deve ser preservada. A comunidade pode e deve cobrar melhorias quando um equipamento de saúde estiver defasado, quando não houver acessibilidade, ou quando um local estiver degradado ao ponto de não ter função para ninguém, mas esse processo de transformação é uma construção constante. A verticalização dos bairros é um fenômeno natural em uma cidade tão grande e com tantas pessoas como São Paulo, mas cruzar com a história, durante uma simples caminhada na rua, é um privilégio que nenhum condomínio pode oferecer se seus investidores não tiverem essa consciência de preservação.

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