Carnaval e Cidadania

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Entra ano, sai ano, e o Carnaval continua sendo um divisor de opiniões. Há quem goste dos desfiles, das marchinhas, que torça por escolas de samba, assim como aqueles que só apreciam a possibilidade de ter alguns dias de folga. Se analisarmos os últimos anos, é inegável a projeção que os blocos de rua ganharam, e já podem ser considerados parte do calendário turístico da cidade. Seja pela variedade temática que existe ou pela proximidade, no caso de quem mora no interior paulista, nossa capital atrai cada vez mais turistas para as festas carnavalescas. A SPTuris divulgou em 2017 um aumento de 203,1% da participação de turistas no Carnaval de Rua de São Paulo em relação à 2016. E esse ano teremos um recorde, com 493 desfiles pela cidade, 183 na Zona Oeste.

A Prefeitura afirma estar preparada para garantir a segurança dos 4 milhões de foliões previstos. Aumentou o número de ambulâncias, banheiros químicos, agentes de trânsito, entre outros, para o período que vai do dia 3 a 18 de fevereiro. Apesar da demora para a divulgação da programação oficial, que saiu apenas na quarta-feira (31), os debates sobre as festas começaram antes, em especial por aqueles que já tiveram experiências ruins nos anos anteriores.

O problema está no fato de que qualquer aglomeração de pessoas tem o potencial de causar a perturbação daqueles que não querem participar. No caso dos blocos de rua, o som é às vezes a menor delas. A combinação de milhares de pessoas com bebida alcoólica consumida de forma irresponsável, frequentemente resulta em brigas, sujeira, prolongamento das festas além do horário previsto, e até danos ao patrimônio alheio. Esses e outros motivos são a razão da crítica de moradores de condomínios e casas da região, assim como comerciantes, para questionar trajetos e a capacidade de fiscalização da Prefeitura em grandes eventos.

Cabe ressaltar que a noção de cidadania é fundamental para quem quer participar de um evento em local público. Se uma pessoa está em um shopping e todos os banheiros estão ocupados, ela não vai utilizar qualquer canto disponível para fazer suas necessidades. Por que fazer isso na rua? Da mesma forma, em um dia normal não invadimos áreas ajardinadas de um imóvel privado, não jogamos, ou pelo menos não deveríamos, jogar lixo no chão. No Carnaval não deve ser diferente. A fiscalização pública é necessária, mas é preciso que quem for participar seja fiscal de si mesmo e dos demais para que as irregularidades não fiquem impunes.

Respeito ao próximo e preservação do espaço são premissas básicas para qualquer festa e, assim, quem gosta da agitação pode aproveitar e quem não participa não terá prejuízos que se prolongarão após o feriado. Na região, a programação é bem variada, com blocos infantis, de estilos musicais diversos e muitos que já são clássicos lapeanos. Que a comunidade celebre essa festa bem brasileira, sem esquecer que a responsabilidade para um bom evento é de todos.

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