Requalificar e construir

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O processo de melhorar o bairro em que moramos pode ser complicado e, muitas vezes, oneroso para o bolso do cidadão. A Prefeitura decretou nas últimas semanas que portões automáticos de imóveis não podem “invadir” as calçadas, de forma a evitar acidentes com os pedestres. Ninguém discorda que o sujeito mais frágil, em situação de maior vulnerabilidade, deve ser sempre priorizado, como ciclistas, pedestres e pessoas com mobilidade reduzida. A cidade deve ser pensada para que seja o mais inclusiva possível. Mas, como isso não foi planejado desde o começo, é preciso fazer adaptações. Resta saber se o poder público será capaz de fiscalizar a norma que ele mesmo impôs. Outro exemplo é a regulamentação de calçadas, que existe e sua manutenção é de responsabilidade do proprietário do imóvel, mas o que não faltam por aí são exemplos de passeios em mau estado de conservação, quebrados, com desníveis e um alto potencial para causar graves machucados.

A Prefeitura Regional da Lapa participa de projetos importantes, como o Lapa 21, justamente com o objetivo de promover a acessibilidade, tanto do ponto de vista físico, com requalificação das calçadas, como cultural, para disseminar o conceito de que a rua deve ser amigável para todos. Infelizmente falta orçamento, porque calçadas que precisam de intervenções temos de sobra.

Outro conflito bastante comum, e que quase todo mês é discutido nas reuniões dos Consegs, é o barulho causado por bares e a ocupação irregular de calçadas, que fazem os pedestres muitas vezes serem obrigados a transitar pela rua. Os moradores pedem fiscalização para coibir as práticas, mas de nada adianta se as equipes só estão disponíveis em um horário incompatível com aquele em que ocorrem os conflitos.

Quando a solução de um problema não ocorre pelos caminhos tradicionais, aciona-se a Justiça. Caminho que os moradores da Vila Anastácio tiveram que seguir com o impacto dos caminhões que passam pelo bairro. Da mesma forma, a Associação Viva Leopoldina tenta questionar o projeto de intervenção urbana previsto para a região, já que parte dos moradores não concorda com o que foi proposto.

É complicada a relação de decretar, fiscalizar, cobrar e, finalmente, realizar e melhorar. Trabalho esse diretamente ligado à função dos conselhos, como o que foi empossado esta semana para o PS da Lapa, e de coletivos, como o novo Lapa Sem Medo. Grupos que podem ter um mesmo posicionamento ou opiniões bastante divergentes, mas que se mobilizam para conquistar as melhorias para a região, equipamento ou causa que defendem. Que nessa dinâmica de construir e requalificar, todos os agentes envolvidos consigam cumprir seus papéis.

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