Vivemos um tempo paradoxal no que diz respeito à escolha do conteúdo que consumimos. Temos mais poder de escolha em relação ao que queremos assistir, com programação de TV sob demanda, plataformas de streaming, e a internet, um verdadeiro mar de informações, sejam elas boas ou ruins. Podemos escolher as pessoas, empresas e políticos que desejamos acompanhar, mas, muitas vezes, são as plataformas através de seus algoritmos que definem o material que teremos acesso, já que muita gente paga para suas publicações aparecerem em destaque. É sabido que quando um serviço é gratuito, muito provavelmente o produto é o próprio usuário, a exemplo das mídias sociais.
Quem está em período de campanha também teve que se adaptar a esse novo panorama. O horário eleitoral obrigatório alcança cada vez menos pessoas e é questionável a equidade dessa programação, já que com tantas coligações e arranjos, alguns partidos contam com poucos segundos e outros têm espaço para contar uma saga inteira.
Nesta programação, os eleitores devem estar atentos para identificar os verdadeiros “pais das crianças”. Cada partido assume a autoria de projetos ou obras, e logo em seguida a oposição se coloca como verdadeiro criador de tal melhoria, provavelmente com outro nome. Seja situação ou oposição, todo político quer ser lembrado pela marca que deixou em seu governo ou legislatura.
Acompanhar as pessoas eleitas para representar nossa cidade, Estado e País não é mais do que a nossa obrigação. Neste período de jogos de interesse e propagação de fake news, vale a pena dar uma atenção especial para o conteúdo oficial dos candidatos. É preciso ler os programas de governo, se informar sobre os projetos realizados e ideias defendidas. Essas ações são muito importantes para definir um voto, e cada voto é fundamental para transformar a nossa realidade.
É compreensível, mas nem de longe ideal, escolher um candidato apenas porque ele tem mais chances de derrotar outro. Devemos ser fiéis ao modelo de política pública que acreditamos, e votar de acordo com isso pelo menos no primeiro turno. No segundo, muito vai depender de quem serão os candidatos que irão para a urna. Não é saudável ter que escolher o “menos pior”. Busquem as informações que são importantes e não se baseiem apenas naquilo que chega até vocês. Nem sempre os que têm mais poder de disseminar conteúdo são os mais capacitados ou com boas intenções.