Votar deveria realmente funcionar como um direito, algo que escolhemos fazer. Ser obrigado a exercer esse direito não parece democrático. Mas, quando a vida nos dá limões, aquela pequena fagulha de otimismo que existe dentro de nós nos diz para fazer limonadas. O problema é que, segundo as recentes pesquisas em um cenário de segundo turno, mais parece que a única opção que temos é a de pingar os limões nos olhos.
De um lado, um candidato cujo partido está mergulhado no caos, comprometido nos mais variados escândalos de corrupção. Do outro, um candidato que por diversas vezes manifestou sua intolerância e que tem duvidosa capacidade técnica para administrar o País. Se eleito, colocaria cada parte do governo nas mãos de sabe-se lá quem.
Insistimos na ultrapassada fórmula de lados opostos brigando, “nós e eles”, ou ainda pior, reiterando que o inimigo do meu inimigo é meu amigo. A história já mostrou que sempre que as sociedades ou nações se polarizam, independente da revolução que possa resultar disso, os custos sociais são muito elevados.
É muito satisfatório ver o movimento crescente de pessoas que buscam consumir produtos de boa procedência, que procuram se informar se as empresas utilizaram trabalho escravo ou infantil em alguma parte da cadeia produtiva, se o impacto para o meio ambiente é menor. Queremos um consumo mais sustentável, que se alinhe com nossos valores e permita uma consciência tranquila. Por que na política seria diferente? Como podemos ser permissivos em relação a graves falhas de caráter apenas porque temos trauma dos governos anteriores?
Posto isso, mais do que brigar sobre quem irá ocupar o cargo máximo do Brasil, cabe a nós escolher bem os representantes do legislativo, porque são eles que vão conseguir exercer algum controle sobre a política que a pessoa que assumir o executivo irá conduzir. Mais do que ganhar discussões na internet, nos almoços em família ou encontros sociais, nosso verdadeiro dever é cuidar da nossa jovem democracia, para assim garantir um futuro onde existam direitos.
É triste ver pessoas defendendo como liberdade de expressão opiniões que em qualquer contexto seriam caracterizadas como preconceituosas. Da mesma forma, é inaceitável ignorar o desvio de recursos públicos, responsável pela violência que é a falta de saúde, educação e segurança.
Um país que não investe no bem-estar da população não tem cidadãos, tem vítimas.