Fãs acampam em praça à espera de show

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Foto: Bárbara Dantine

Bárbara Dantine
Cerca de 60 pessoas estão acampadas na Praça Conde Francisco Matarazzo Júnior

Como explicar um fandom para quem está fora dele? Talvez seja melhor começar explicando o que é fandom. Trata-se do diminutivo da expressão em inglês “fan kingdom”, que pode ser traduzido como “reino dos fãs”. A banda coreana BTS que se apresenta no Allianz Parque nos dias 25 e 26 de maio tem um fandom bastante fiel e dedicado, chamado ARMY, sendo que os fãs brasileiros tiveram grande contribuição para o crescimento internacional do grupo.

Parte deste fandom, cerca de 60 pessoas, estão acampadas na Praça Conde Francisco Matarazzo Júnior desde o dia 18 de fevereiro. “O acampamento faz parte da preparação do show. Cuidamos da praça, limpamos. Não queremos causar qualquer incômodo para os vizinhos. Seria bom se tivesse estrutura ou pelo menos um recuo no estádio onde pudéssemos ficar. O nosso está quase terminando, mas acampamentos assim sempre vão acontecer, como no show da Taylor Swift em 2020, que deve ser aqui”, explica Tay Santos, de 31 anos, que é publicitária e intercala a estadia no acampamento com o trabalho.

Os ingressos da turnê “Love Yourself: Speak Yourself”’ tiveram preços que variaram entre R$ 290 (cadeiras superiores/inteira) e R$ 975 (que dá direito a assistir a passagem de som antes do show). O único local que vende os ingressos sem taxa de conveniência é a própria bilheteria do estádio, o que levou cerca de 5 mil pessoas para a fila. Na venda pela internet no dia 11 de março, antes de ser anunciado que seria realizado um segundo show, os ingressos disponíveis esgotaram em 1 hora e 15 minutos. Entre bilheteria e internet foram disponibilizados 36.120 ingressos.

E o custo da entrada para o evento não é o único gasto das fãs. Elas estimam que gastam diariamente cerca de R$ 130 em alimentação para cada barraca e R$ 10 por pessoa para tomar banho em um hotel localizado na Rua Clélia. No total, as garotas afirmam que gastaram cerca de R$ 40 mil desde fevereiro. “Trabalhamos para poder fazer esse tipo de coisa”, explica Tay Santos.

Mais do que apreciar a música ou admirar os membros do grupo, é unânime no fandom que a mensagem trazida pela boyband transformou suas vidas. “Pode ver que 90% das pessoas que estão aqui foram salvas do suicídio por causa deles. Eles têm um discurso muito inclusivo. Faço terapia, mas a mensagem que eles passam ajuda mais do que qualquer tratamento”, afirma Ingrid Pollyanna, de 19 anos, que é de Recife, mas veio morar em São Paulo para fazer faculdade e hoje divide seu tempo entre as aulas e o acampamento.

Pais de fãs que são menores de idade também estão acompanhando a jornada até o dia dos shows, sendo que após às 18h, só maiores de idade ficam no acampamento. Questionadas se não tinham medo de ficar à noite no espaço público, elas afirmam que não tiveram problemas. “Ninguém mexe com a gente, devem achar que somos todos loucos”, brinca Tay Santos.

Moradores do entorno do estádio cobraram medidas dos organizadores de shows, como a abertura do portões em horários mais cedo e uma área para abrigar fãs que ficam por períodos prolongados.

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