Chegamos a nossa primeira eleição do novo normal. Foi um ano todo atípico, com muita dor, muita apreensão, muitas incertezas e inseguranças. Naturalmente isso reflete na política de todos os municípios.
Com o fim da coligação proporcional para vereadores, tivemos o registro de quase duas mil candidaturas na cidade, maior número desde 2008. Candidatos demais, tempo e recursos de menos. O período de campanha não foi fácil para quem está entrando na política. Há quem diga que basta ter internet e ser ativo nas mídias sociais para espalhar sua mensagem e atingir o público desejado. Eu discordo. Apesar da inegável facilidade que a rede proporciona ao nosso dia a dia, muita coisa se perde lá também. E nenhuma live ou story terá o mesmo impacto que a campanha de rua: estar com as pessoas, ouvi-las, trocar experiências.
Nesse país de extrema polarização acabamos supondo as ideias e valores de outras pessoas como se isso fosse um pacote pré-definido. Não é. Sem o diálogo próximo acabamos perdendo o mais interessante, que é a possibilidade de sermos surpreendidos. Também é válido mencionar a não realização de debates pela maioria das redes de televisão, um desserviço, considerando a importância democrática de informar a população. Foram realizados debates on-line, mas garanto que as fake news de WhatsApp tiveram muito mais influência nas decisões de voto do que a discussão dos candidatos.
Tentamos trazer nessa edição do JG um suplemento com os principais candidatos que atuam na região. Não posso dizer que todos estão aqui. Mas aqueles que de fato trabalharam, não somente no ano eleitoral, mas durante todo o mandato ou mesmo de forma voluntária, foram citados.
A eleição para a Prefeitura é importante, mas não podemos esquecer de toda a máquina que está abaixo do prefeito, das limitações que o Executivo tem e do (enorme) trabalho que é gerir a cidade, sempre tendo que fazer a escolha do que é mais urgente resolver. Já o Legislativo é o lugar de pensar não em coisas urgentes, pelo menos não como regra, mas discutir as coisas importantes que vão transformar a cidade. Pode demorar até vermos os efeitos, mas não tenha dúvida que as boas políticas públicas do presente tiveram ampla discussão no passado.
É fundamental escolher bons políticos que vão fazer nossas leis e pensar na cidade no médio e longo prazo. Melhor ainda se esses candidatos forem nossos vizinhos. Da mesma forma que devemos priorizar o comércio de bairro, votar localmente também faz muito sentido. Precisamos combater essa desilusão política, compartilhada por muitas pessoas, que quer generalizar todos os candidatos e afirmar que ninguém presta. Política é uma construção e participar dela é um dever.