O governador João Doria e o secretário da Educação Rossieli Soares anunciaram na quarta-feira (16) o novo plano para a retomada das aulas presenciais da Educação Básica no segundo semestre de 2021. O distanciamento mínimo entre as pessoas passa a ser de 1 metro e não mais de 1,5 metro e cada escola irá elaborar o seu plano de retorno levando em consideração a realidade da comunidade escolar. A volta às aulas presenciais não será obrigatória para os estudantes. “A partir de agosto, cada escola deverá determinar a capacidade de acolhimento total de alunos de acordo com a sua realidade, desde que sejam respeitados todos os protocolos de prevenção, como uso de máscara, álcool em gel e distanciamento mínimo de um metro entre os estudantes na sala de aula”, afirmou Doria.
Os demais protocolos de segurança para o combate ao coronavírus serão mantidos, como o uso correto de máscaras, medição de temperatura, higienização constante das mãos e afastamento de casos suspeitos ou confirmados. Serão adquiridos três milhões de testes de Covid-19 destinados para profissionais da educação e estudantes. “Quanto mais tempo demorarmos a voltar, maior será o déficit de aprendizagem dos nossos estudantes. É urgente voltarmos com nossas crianças, jovens e adultos às aulas presenciais”, destacou o secretário Rossieli Soares.
Um levantamento feito pela Seduc-SP e Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) detectou uma estimativa de 11 anos para os alunos da rede estadual recuperarem a aprendizagem em matemática. Desde 11 de junho todos os profissionais da Educação Básica paulista com mais de 18 anos já podem ser imunizados.
Segundo Alexandre Giardini Fusco, conselheiro da Apeoesp Oeste Lapa, a pandemia evidenciou problemas que já eram graves antes da crise sanitária. “São anos de sucateamento das escolas públicas, tanto do ponto de vista da estrutura física como das condições humanas. A falta de funcionários, a desigualdade brutal das famílias (tem aluno que vende o celular para ter o que comer e assim não tem como acessar a aula remota) e a degradação das condições de trabalho dos profissionais da educação são fatores que dificultam a volta normal das atividades e que estão sendo sistematicamente escondidos pelo governo e pela grande mídia. Temos a estimativa de 11 anos para os alunos da rede estadual recuperarem a aprendizagem em matemática, bem como os índices na auto percepção dos alunos em aspectos emocionais que podem piorar depois de tanto tempo longe das salas de aula. Não foi um ano de ensino remoto que produziu essa situação. A pandemia só trouxe à tona a degradação que os sucessíveis governos e seus anos de parcerias com institutos como Ayrton Senna, Itaú, Lemann, etc. têm produzido na educação pública, enquanto se privilegia as escolas privadas para as elites”, diz.
Com a sobrecarga do sistema de saúde e a falta de autonomia das direções das escolas, Alexandre Fusco avalia que o ideal seria acompanhar como será a vacinação e as taxas móveis de mortes no próximo mês para se traçar o planejamento de uma volta segura às aulas presenciais, sobretudo pelo fato dos estudantes utilizarem o transporte coletivo, o que pode ampliar a transmissão do vírus.