Durante essa semana pude ir em algumas Unidades Básicas de Saúde da região. A movimentação era grande, sobretudo de jovens que queriam se inscrever para a “xepa”, a lista que é chamada para receber as doses remanescentes das vacinas contra a Covid-19 ao final do expediente. Se as pessoas mais jovens estão interessadas em receber o quanto antes a imunização que vai proteger a sua saúde e permitir o retorno à vida que tínhamos antes, uma cena se repetiu em todos os equipamentos de saúde: sempre apareceu alguém questionando qual era o imunizante utilizado.
Essa é mais uma manifestação do que chamaríamos de “complexo de vira-lata”, uma expressão que não faz muito sentido afinal o bom e simpático vira-lata caramelo é um símbolo positivo da brasilidade (viva a internet!). Mas o tal complexo diz respeito a ter sempre uma preferência em relação àquilo que vem de fora, que é importado ou achar que tudo que é feito no Brasil é inferior ou de menor qualidade. Isso não é verdade.
Logo no início (tardio) da corrida pelas vacinas no Brasil, foi assustador ver que a polarização política fez muitas pessoas tentarem descredibilizar o internacionalmente reconhecido Instituto Butantan. E agora, igualmente assustador é ver que tem gente deixando de se vacinar porque quer um determinado imunizante. Preferem arriscar sua própria vida e a das pessoas com quem convivem do que fazer o que a ciência e medicina recomendam. Segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, além de todos os imunizantes que estão sendo utilizados terem sido aprovados pela Anvisa, o que garante sua segurança e eficácia, já tivemos mais de 6 milhões de doses aplicadas na cidade e nenhuma resultou em complicações. Reações leves existem, mas podem ocorrer com qualquer vacina.
Além de viver de forma completamente atípica por causa da pandemia, ainda precisamos combater o obscurantismo que algumas pessoas insistem em disseminar. O Governo do Estado já elaborou um plano de retomada das aulas em agosto e para que isso ocorra de forma segura, precisamos da maior aderência possível à vacinação. O mesmo vale para a tão prejudicada atividade comercial, que poderia ter sido muito menos impactada se desde o início o isolamento fosse respeitado e a vacinação tivesse começado antes. Mas não serve de nada ficar lamentado o jeito que as coisas foram feitas ou o tempo perdido. Já temos mais de 500 mil vidas perdidas e isso sim é de se lamentar. O que podemos fazer hoje é colaborar para o fim dessa crise ao se vacinar, com a primeira e segunda dose, sem seletividade injustificada.