Na física a resiliência é a capacidade que um material tem de retornar ao seu estado original após sofrer algum tipo de impacto ou deformação. Na forma figurada, chamamos de resiliente a pessoa com habilidade de se adaptar às mudanças, de lidar com problemas ou resistir a situações adversas.
Ser resiliente é provavelmente a única opção que temos, já que toleramos cenários que não são os desejados por muito tempo. Todos os anos nas regiões mais arborizadas temos problemas com a queda de galhos e árvores. Já nas áreas onde falta o verde, vemos a remoção de exemplares para a construção de uma passarela do metrô, sem que a comunicação adequada tenha sido realizada e sem ter sido informada a possibilidade ou não de transplante dessas árvores. Esse foi um dos assuntos da reunião do Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz de Lapa, durante a semana. Aliás um exemplo de resiliência é aquele dos moradores que sempre acionam o Ministério Público quando algo errado acontece e precisam esperar os trâmites jurídicos para se obter um resultado ou respostas.
Na Barra Funda agora se discute a implantação de um PIU (Projeto de Intervenção Urbana) no entorno do terminal. Ao contrário do PIU da Vila Leopoldina, que tem proponentes privados e segue parado na Câmara Municipal, a manifestação de interesse no caso da Barra Funda se deu por duas empresas de economia mista, a CPTM e o Metrô. Modernizar um local é sempre bem-vindo, então por que as obras da Operação Urbana Água Branca, cujo perímetro inclui a Estação Barra Funda, não avançam? Sendo que existem recursos. Pelo menos poderiam tentar agilizar o que é prioritário como as habitações de interesse social para as famílias das comunidades Aldeinha e do Sapo, removidas de suas casas na Água Branca em 2007, e que aguardam o atendimento previsto na lei desde 1995. “Isso que é resiliência”. E não por falta de cobrança da sociedade civil no grupo de gestão.
Foi também na Barra Funda que um caso ganhou notoriedade durante a semana. O conflito entre vizinhos de um prédio levou manifestantes ao local na quinta-feira (20). Não se trata de um conflito qualquer, mas segundo a vítima, um ator de humor, uma sequência de atitudes e ofensas racistas. A acusada nega. Se para a maior parte dos problemas e intempéries da vida é bom ter uma dose de resiliência, isso não se aplica aos casos de preconceito. Nada justifica que eles ainda existam. Devem sim ser combatidos, nunca aceitos.