Fazer referências à Copa é irresistível neste momento em que tudo é sobre ela. Um evento que altera nosso horário de trabalho, que arrasta multidões e que envolve muito mais do que os jogos. Será que o dolorido 7×1 que segue como referência entre nós é apenas o resultado de uma combinação de sorte e treinamento? Considerando que atualmente existem cerca de 450 sites de apostas esportivas, que movimentam aproximadamente R$ 10 bilhões por ano, é difícil não se convencer de que há toda uma indústria que opera nos bastidores.
A ideia aqui não é elaborar uma teoria conspiratória sobre um possível conluio entre os locais por onde circula o dinheiro e as seleções, mas de chamar a atenção para o fato de que existem pessoas faturando altas cifras. Ou ainda, as que podem pagar uma viagem na ordem de cinco dígitos para o Oriente Médio, enquanto tantas outras não têm o básico para viver. A verdadeira derrota do Brasil não foi o 7×1, mas a desigualdade que persiste.
Durante a semana a Rede Nossa São Paulo publicou o anuário “Mapa da Desigualdade”, que aponta o Brasil como o 9º país mais desigual do mundo, onde as pessoas que fazem parte do 1% dos mais ricos recebem 38,4 vezes mais que os 50% mais pobres. Nas páginas a seguir destacamos alguns dos indicadores dos bairros da região. Enquanto alguns distritos possuem vastas opções culturais, outros não têm nenhuma. Se em alguns a espera por uma consulta médica leva poucos dias, em outros esse tempo pode ser de mais de um mês. E 20 anos é muito tempo para ser a diferença da idade média ao morrer, sendo 80 anos no bairro com o melhor indicador e 59,3 no pior.
Vivendo em uma cidade com tantas discrepâncias, a solidariedade deixa de ser uma boa ação para ser uma necessidade. Na próxima terça-feira (29) acontece a mobilização mundial “Dia de Doar”, que incentiva as pessoas que podem, a ajudar quem mais precisa. Na região são várias as entidades que desenvolvem um importante trabalho social. A relação você também encontra nesta edição.
Se estamos dispostos a consumir, inclusive itens que nós nem precisamos, apenas pelo apelo dos grandes descontos da Black Friday, podemos contribuir com uma quantia para quem atua na linha de frente do combate à desigualdade. Não é nem preciso sair de casa, basta fazer uma transferência por PIX. Outra forma de ser solidário é dar preferência aos comércios locais, de bairro, o que além de promover o desenvolvimento na vizinhança, faz uma grande diferença na vida das pessoas que moram e trabalham no mesmo lugar em que você vive, ao contrário dos grandes conglomerados onde poucos proprietários ficarão ainda mais ricos e nunca saberão quem você é.