Tradições perdidas

0
318

Como bairro tradicionalmente festivo que foi durante gerações, a Lapa costumava travestir-se de alegria, luz, cor e movimento três vezes por ano. Primeiro entre novembro e janeiro, com o Natal Iluminado, que enchia de luz e religiosidade os jardins das casas, a frente dos prédios e as praças, especialmente a Praça John Lennon, no Alto da Lapa, onde acontecia todo ano uma missa campal.

Depois, no mês de junho e início de julho, o então friozinho de inverno (que hoje nunca se sabe se dará o ar da graça ou não…) servia de pano de fundo para as quermesses organizadas, com capricho, por diversas paróquias da região, que nunca abriram mão da fartura de comidas e bebidas típicas, das brincadeiras infantis, do bingo e das quadrilhas, fazendo toda a comunidade voltar a ser criança.

Já em outubro, a comemoração era dupla, com os festejos do aniversário da Lapa, que incluíam várias atividades especialmente na região da Rua 12 de Outubro, e da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.

Hoje, infelizmente, a única tradição do bairro que ainda se mantém forte são as festas juninas, que levam muita gente às paróquias da Hamburguesa, Leopoldina, Lapa, Vila Ipojuca e Vila Anastácio, entre outras.

Todos os anos, centenas de moradores dedicam seus finais de semana à organização dos arraiás, esforçando-se para manter acesa a fogueira junina nos salões paroquiais. Já há algum tempo, especialmente após a pandemia, o mesmo empenho não se vê, entre as entidades, na organização dos festejos natalinos e do aniversário do nosso bairro. Que pena!

É claro que me alegra ver a Lapa continuar sendo a Lapa pelo menos uma vez por ano. Mas meu desejo é que, inspirados agora pelas tradições juninas, possamos unir forças para retomar a beleza e a singeleza do Natal Iluminado e a agitação do aniversário do bairro.

Não podemos deixar que nossos filhos e netos percam a oportunidade de conhecer melhor o bairro onde moram sob a perspectiva peculiar e viva das festas, celebrações religiosas e eventos. Essas são experiências que não conseguimos vivenciar olhando fotos antigas ou apenas acompanhando as memórias postadas por antigos lapeanos nas redes sociais. É preciso estar lá, comendo cachorro-quente e pamonha, maravilhando-se com as luzes de Natal e fazendo parte da plateia dos shows na área da 12 de Outubro.

Esse encanto não pode se perder jamais. E para que ele se mantenha vivo, vamos todos arregaçar as mangas a partir de agora! Afinal, outubro está logo aí e Papai Noel não tarda a chegar…

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA