Reflexões num velório

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Ubirajara de Oliveira, Diretor do Jornal da Gente

Trabalhamos juntos no minimo por três décadas. Primeiro no Jornal da Lapa/Rede A e depois no Jornal da Gente/Página Editora onde fomos sócios. Não me lembro de termos tido uma discussão explosiva durante todo este tempo. Kazuhiro Kurita, o Kazu, tinha uma natureza muito amistosa.
Não tenho dúvidas de que a cerimônia messiânica de despedida, simples e emocionante, foi ideia de sua esposa Marli. Continua calma.
Revi sua filha Maria e entendi porque ele abandonou tudo e foi para o Japão atrás dos sonhos dela. Uma bela jovem de sorriso cativante.
Conheci a irmã que cuidou dele nos seus últimos dias. Segurando minha mão aconselhou: “não faça como ele, aproveite a vida que ela é curta!”. No regresso para casa já retornava à minha rotina.
Um amigo nosso em comum, dos vários que lá estavam, comentou, ao vê-lo no caixão, que ele estava muito diferente. Pensei em silêncio: “Todos nós”. Único traço visível comum entre todos nós, os cabelos grisalhos.
A caminho da cremação, o caixão tangenciou meu corpo no estreito corredor. Pensei na hipótese dele ter se evadido e aí lembrei: jornalistas bons e sérios não trapaceiam…

 

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