Aqui na Leopoldina, quando nos referimos à área do entorno da Ceagesp costumamos usar a expressão “mini Cracolândia”. Mas este termo, hoje, já não dá a real dimensão que o problema trazido pela população de quimiodependentes que vivem no perímetro das avenidas Gastão Vidigal, Manoel Bandeira e Ariovaldo Silva e Rua Avelino Chaves vem ganhando no bairro como um todo.
Basta andar pela região para perceber claramente que o que era uma “mini Cracolândia” tornou-se agora uma expressiva concentração de pessoas viciadas em todo o tipo de droga, da maconha à cocaína, passando pela perigosa e devastadora K9, a droga do momento. E os números oficiais divulgados pela Prefeitura comprovam esta triste percepção. De acordo com balanço trazido pelo Núcleo de Atenção Básica da Coordenadoria de Saúde Oeste, ligado à Secretaria Municipal de Saúde, durante encontro do Fórum Social e Ambiental Leopoldina, a população de rua usuária de drogas na região já supera 300 pessoas.
É gente suficiente para tornar a questão Pop Rua um dos principais problemas da Leopoldina – senão o maior e mais preocupante – em vários aspectos, que vão do fator segurança ao social, passando pela vertente ambiental, com o acúmulo de resíduos gerados por essa população visível nas ruas e calçadas do bairro.
Mexer nessa ferida vai muito além de simplesmente esperar que a Ceagesp, algum dia, saia daqui e toda a área do entreposto se torne um grande polo tecnológico, como vislumbrava o ex-prefeito João Dória. Requer, acima de tudo, o investimento dos setores público e privado em ações efetivas de saúde, educação e reinserção social.
Nesse sentido, de concreto a região tem recebido, desde o governo Haddad até a atual gestão Ricardo Nunes, vários serviços e equipamentos para a população de rua: o SEAS 4, serviço de abordagem social e encaminhamento; o Atende, que oferece acolhida, refeições e oficinas; e o CAPS-AD, serviço da Saúde para dependentes químicos; além de programas como o Cozinha Escola, espaço que oferece almoço gratuito.
Mas como foi destacado no evento do Fórum Social, ainda faltam chegar à Leopoldina programas estruturantes, como, por exemplo, o Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (SIAT), que já existe em outras regiões da cidade e reúne serviços conjuntos das secretarias de Saúde, Trabalho e Assistência Social, ou a Unidade de Atendimento Adulto (UAA), serviço residencial de acolhimento e saúde para dependentes químicos.
Numa cidade enorme como São Paulo, a questão da população de rua é uma chaga. E aqui na Leopoldina precisamos não apenas afastar o problema para os bairros vizinhos, pois isso só serve para jogar a poeira para baixo do tapete. A solução é lutar para que essas pessoas sejam acolhidas e ganhem dignidade, voltando a contribuir para a sociedade.