Contrastes urbanos

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Eduardo Fiora, editor do Jornal da Gente

Separados por um acidente geográfico (Rio Tietê), transponível a partir da intervenção humana (construção de uma ponte), os bairros da Leopoldina e do Jaguaré se aproximam quando o assunto em pauta são contradições sociais que permeiam esses dois cenários urbanos.
No primeiro, o grande boom imobiliário – que faz surgir novas unidades residenciais cujo valor de mercado vai de R$ 500 mil a R$ 1,5 milhão -, vem acompanhado do crescimento da miséria, estampado no acentuado aumento do número de moradores de rua nas imediações da Ceagesp.
No Jaguaré, não obstante os programas de reurbanização de favelas (gestões Marta, Serra e Kassab), ainda persistem bolsões de subhabitações que em breve passarão a conviver com o audacioso projeto do Parque Tecnológico da Zona Oeste, obra do governo estadual, com investimento inicial de R$ 10,6 milhões.
Parceiros na gestão política e administrativa tanto da capital paulista quanto do Estado de São Paulo, PSDB, DEM e PPS há tempos trilham o rumo do pragmatismo social-democrata. Suas lideranças acreditam que a efetiva superação dos bolsões da pobreza e da miséria passa pela geração de emprego e consequente geração de renda.
Uma vez que se to-me tal premissa como verdadeira, tucanos, democratas e socialistas – estes últimos à frente da Sub Lapa – têm um grande desafio pela frente: fazer com que o desenvolvimento econômico da Zona Oeste – cristalizado na criação do Parque Tecnológico do Jaguaré – venha acompanhado do desenvolvimento social. É preciso que a base governista sinalize claramente como pretende, por exemplo, encaminhar a questão dos moradores de rua, uma grave ferida no seio da sociedade e que sangra não só nos dois bairros aqui citados, mas também em áreas da Lapa e da Pompeia.
No Parque Tecnológico do Jaguaré, o governo de São Paulo aposta em setores de alta complexidade como a nanotecnologia, que é a ciência de sistemas em escala nanométrica , ou seja1 bilionésimo de metro. Enquanto isso, nos bairros da gente, uma legião de excluídos ainda espera por políticas que transformem a nanocidadania em cidadania plena.
Como gerar emprego e renda para essa parcela da população? Onde colocá-la de modo que possa viver com dignidade?
São perguntas inquietantes e que necessitam de respostas, até mesmo por parte dos partidos de oposição, afinal o clima eleitoral que vivemos é mais do que propício para que temas como esse sejam debatidos democraticamente.

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