Quatro carroceiros foram baleados enquanto dormiam na marquise do Unibanco na Rua Clemente Álvares, perto do Fórum da Lapa, no início da madrugada da quinta-feira, 4. Um deles não resistiu aos ferimentos e faleceu depois de ser socorrido. Segundo o delegado Renato Ferreira, responsável pelo 7º Distrito Policial, os tiros foram dados por desconhecidos que passaram pelo local. “Eles fugiram num Fiat Uno vermelho”, afirma Ferreira. Testemunha ouvida pelo JG diz que um dos sem-teto chegou a atravessar a rua para pedir socorro, mas acabou tombando em frente ao Fórum Regional da Lapa.
O delegado descarta, a princípio, que o crime tenha sido motivado por intolerância em relação aos sem-teto. “Durante a noite eles se envolveram numa briga num bar da região. Mas também é pouco provável que o casal que eles agrediram tenha voltado para executá-los” diz Renato Ferreira.
A série de reportagens que o JG vem publicando a respeito da exclusão social, na qual são ouvidas personalidades do mundo jurídico paulistano, mostra, claramente, que é preciso uma ação concreta do poder público para incluir aqueles que nada tem. A força simbólica e dramática de um sem teto caído em frente ao Fórum reforça o pensamento do desembargador Malheiros: “Não temos uma efetiva política relativa a moradores de rua. Não queremos ter perto de nós os maus cheirosos. Vamos afastando essa gente para longe. De repente, eles vão cair no rio poluído, no abismo da miséria total, na grande tragédia que é não mais ser identificado como pessoas. Mas elas precisam ser tratadas com respeito; o poder público e a sociedade devem apontar uma saída”.