As reclamações sobre as confusões na saída da casa de balada Sampa Hall vêm acontecendo com freqüência, mas na madrugada de domingo (14) para segunda-feira (15) as brigas, gritos, tiros e o quebra-quebra nos vidros dos prédios e bancos assustaram os moradores da região da Rua Clélia, que acordaram às 4h15, com o vandalismo de alguns baladeiros.
Um grupo de jovens se desentendeu com outro grupo, dando início a uma quebradeira e transformando a Clélia em uma verdadeira praça de guerra. Muitos moradores foram testemunhas do caos e assistiram pela janela a destruição de vidros, portas, cestos de lixo e telefones.
Armados com pisos de concreto da calçada padrão da prefeitura, que estavam empilhados em frente o Habib”s, os vândalos atiravam os blocos, estilhaçando os vidros de portas e vidraças. A porta de vidro da Caixa Econômica Federal da agência próxima da rua Catão e um dos vidros da Agência Bradesco Vila Romana, na esquina da Scipião, ficaram em pedaços.
Outros estabelecimentos tiveram as portas de aço afundadas. O dono da loja Som Mais, Marcelo Luis Cassiano, foi uma das vítimas da ação dos baladeiros. “Desde que a casa abriu, todo dia tem uma confusão. Vou pedir ressarcimento do prejuízo à Sampa Hall. Só o concerto da porta ficou em mil reais”, reclamou o lojista.
Os vândalos não perdoaram nada, até a porta de aço do Centro de Apoio ao Trabalho, da Rua Catão, também foi danificada. Vigias de alguns estabelecimentos assistiram o arrastão. Um deles conta que viu quando atiraram em um rapaz na Clélia, entre a rua Catão e Jeroaquara. Segundo o relato, o rapaz atingido ficou caído na calçada e logo em seguida um veículo entrou em alta velocidade pela contra-mão e o motorista parou e colocou o jovem ferido no carro e saiu em disparada. A ação dos baderneiros também deixou vários orelhões quebrados, como o da Clélia próximo da Monteiro de Melo. A direção da Sampa Hall foi contatada mas até o fechamento desta edição não se manifestou sobre o assunto.
Comunidade quer
fechamento da casa
Revoltados com o arrastão dos freqüentadores da Sampa Hall, os moradores e comerciantes da região da Rua Clélia procuraram as autoridades, pedindo providências para o problema.
A moradora do trecho entre a Rua Scipião e Catão, Maria Aparecida Canhadas Bacheschi coleta assinaturas para um abaixo-assinado que pede o fechamento da casa.
Entre os problemas apontados para a ação dos baladeiros está o preço do ingresso e das bebidas, que foram reduzidos depois da reabertura da casa, interditada por falta de licença de funcionamento e segurança, em dezembro. De R$ 20,00 para mulheres e R$ 30, 00 para homens, o valor da entrada foi reduzido para R$ 10,00 e R$ 20,00. Quem imprimir o convite vip pelo site da Sampa Hall recebe desconto e o valor cai para R$ 5,00 e 10,00. Além disso, cerveja, refrigerante, drink, água e whisky têm preço único, custa R$ 1,00. Com a divulgação em emissoras de rádio, a Sampa Hall tem atraído muitos baderneiros, tirando o sossego da comunidade.
Com base em denúncias e boletins de ocorrências, o delegado titular da 7ª Delegacia, Edson Leal, instaurou inquérito policial. “Vamos apurar o vandalismo e até onde vai a responsabilidade dos donos da Sampa Hall ”, avisa Leal.
O comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Danilo Antão Fernandes, mudou o horário da Força Tática e colocou viaturas de outras companhias para reforçar o policiamento da região. Já o Juiz de Direito da Vara da Infância e da Juventude, Fermino Magnani Filho, alerta : “a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos é proibida. Não vamos tolerar isso”, enfatizou o juiz.
O subprefeito da Lapa, Paulo Magalhães Bressan, informa que montou um processo com todas as reclamações e dados fornecidos pelo comandante da PM. Segundo Bressan, a subprefeitura não pode realizar fiscalização porque existe um processo de adequação da planta do prédio, em análise na Secretaria da Habitação. “Mas já comunicamos o Ministério Público sobre o problema”.