Carnaval com estilo veneziano

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EDUARDO FIORA

Num período pré-carnavalesco, a artista plástica Rosa Maria Selvi Ricco, 62 anos, desloca o eixo temático da grande festa popular para montar uma exposição.Nas paredes de um bar, nada de alegorias de enredos tipicamente afro-brasileiros, mas sim as máscaras multicoloridas, que tanto sucesso fazem no Carnaval de Veneza. “Na viagem que fiz à Itália, 10 anos atrás, conheci a cultura veneziana. Logo me apaixonei pela arte das máscaras, que vi expostas nas vitrines locais”, conta Rosa Maria. “Decidi, então, estudar essa técnica de artesanato e passei a confeccionar as tradicionais máscaras venezianas em cerâmica, gesso e papel machê”.
O resultado dessa dedicação pode ser conferido no Terapia da Vila (Rua Catão esquina com Rua Camilo), onde estão expostos alguns dos mais recentes trabalhos da artesã de origem espanhola. A mostra é o resultado da parceria entre o Terapia e o Conselho da Mulher Empreendedora, da Associação Comercial de São Paulo- Distrital Lapa. “Tenho 50 anos de Brasil. Mexo com artes plásticas e artesanato desde meus tempos de menina. Hoje continuo meu trabalho por puro prazer, fazendo arte e também ensinando o que sei aos mais jovens”.
Várias máscaras venezianas concebidas por Rosa Maria têm motivos tipicamente teatrais, como o Pierrot Triste e o Pierrot Alegre, personagens da “Comédia dell´Arte”. Trata-se de um gênero que surgiu na segunda metade do séc. XVI, na Itália. Atingiu sua maior popularidade no séc. XVII e chegou até meados do séc. XVIII, quando entrou em declínio. As representações eram feitas nas ruas e nas praças, fundando um novo estilo e uma nova linguagem, caracterizadas pela utilização do cômico. Ela ridicularizava militares, prelados, banqueiros, negociantes, nobres e plebeus. O seu grande objetivo era o de entreter e fazer rir um vasto público que lhe era fiel, tendo como recursos a música, a dança, a acrobacias e máscaras, que sustentavam diálogos cheios de ironia.
Sem nunca negar os laços com a sua terra natal, a artista também inova, criando máscaras com adornos espanhóis. “Vou experimentando novas opções, desde motivos até material usado. Agora estou testando a espuma de poliuretano”, acrescenta Rosa Maria.

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