Além do aniversário de 413 anos do bairro que amamos, em 12 de outubro é comemorado o Dia das Crianças. Na semana que passou, presenciamos manifestações e discursos que mostram um novo olhar sobre esta faixa etária. Durante a cerimônia de inauguração do busto de Orlando Villas Bôas, foi feito um breve relato sobre como os indígenas percebem as crianças. Citando o sertanista, o presidente do Lions Clube de São Paulo – Lapa, Nilton Bustamante declarou que, nas aldeias, o velho representava a história, o índio significava a tribo e a criança era dona do mundo.
Esta frase revela que temos ainda muito o que aprender com os indígenas sobre como tratar bem os nossos filhos. As crianças vivem uma época difícil. Não só pelos maus-tratos já informados pela mídia, mas também passamos por um momento de pouca compreensão. A violência sofrida por jovens mostra uma sociedade doente, que precisa de um remédio amargo. No passado, desrespeitamos e dizimamos nações indígenas inteiras, mas atualmente devemos ser humildes e fazer uma profunda autocrítica para aprendermos com os membros dessas “sociedades simples e estáveis” como educar nossas crianças.
É doloroso saber que a tecnologia, com suas máquinas de entretenimento, não serve para nada se não conseguimos ensinar aos nossos filhos formas dignas de convivência com a diversidade cultural na sociedade moderna. Não adianta comprar o brinquedo mais caro, muito menos agradar as crianças com animais domésticos. Ela precisa de algo que só podemos sentir no fundo do coração. O amor de uma criança não se comercializa, conquista-se com exemplos, sabedoria e muita dedicação
Orlando Villas Bôas já dizia que os indígenas não invencionam porque se percebem como parte integrante da natureza, estabelecendo um elo divino com os fenômenos de um universo – rico em significados aparentemente abstratos para o homem branco, mas muito presente para os índios. Valores também parecem pouco concretos, porém precisam ser materializados em nossas mentes e transmitidas para as novas gerações, um tanto perdidas com a loucura da civilização.
Outra manifestação que chamou a atenção aconteceu durante a cerimônia de inauguração do Marco da Paz, um monumento erguido pela Associação Comercial de São Paulo no bairro. Na solenidade, os discursos se referiam às crianças por diversas vezes como a esperança de um futuro sem guerra. O aluno Nicholas Pacheco contou a história da menina Sadako, japonesa vítima da bomba de Hiroshima. Ele disse que a criança queria montar em papel mil aves Surus para ajudar todos os meninos e meninas que sofreram com a guerra. Mas Sadako não resistiu aos ferimentos e morreu antes de completar o seu objetivo. Seus amigos, então, terminaram o feito da japonesinha, produzindo mil Surus. A história tem um significado sublime. As crianças possuem um sentimento de paz e harmonia. Quem estraga somos nós, adultos. Índios ou japoneses, as duas histórias servem para a humanidade pensar… onde foi que erramos?!