Covarde intolerância ou vandalismo gratuito?

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Os ataques promovidos contra a Igreja São João Batista, na Vila Ipojuca, nos levam a pensar em que ponto chegamos. Embora não se saiba qual a real motivação dos atos de vandalismo praticados contra a instituição, está claro que vivemos uma época conturbada, em que alguns valores estão subvertidos. Afinal, templos religiosos, independentes de sua orientação, e escolas já foram considerados sagrados.
No caso específico da Igreja São João Batista, esperamos principalmente que não se trate intolerância religiosa. Como vivemos num país onde as diferentes raças e religiões convivem em harmonia, preferimos crer seja ato isolado, promovido por algum destemperado. Ou então pela horda de pichadores, que assola a cidade.
Aliás, a pichação é um problema que parece não ter solução. A administração pública já tentou várias fórmulas, da repressão à educação, sem muito sucesso. Existem até organizações não-governamentais incentivando a prática da grafitagem, com o objetivo de fazer com que os jovens se interessem por este tipo de arte e abandonem a pichação.
A atual administração também tem procurado abrir espaços para que estes jovens encontrem alguma atividade que possa tirá-los da pichação. O vandalismo, porém, persiste e a cidade está cada vez mais feia, com muros e fachadas abandonados pelos proprietários, cansados de pintar seus imóveis. Felizmente, nos últimos anos não se registram mais confrontos entre pichadores e proprietários, com algumas conseqüências trágicas. Por outro lado, corremos o risco da banalização visual, ou seja, o feio parece não mais incomodar muita gente por fazer parte da paisagem.
O estranho de tudo isso é o fato da maioria dos jovens pichadores ser nascido e criado aqui. Por que então não tem uma relação mais carinhosa com ela? Onde foi parar o orgulho de poder dizer que mora numa bela cidade? Provavelmente é pelo fato dos jovens não reconhecerem a cidade como deles.
Moramos em uma metrópole cada vez mais compartimentada, onde cada um luta apenas por interesses próprios. A cidade está dividida em microrregiões. São poucos os que pensam nela como um todo. Daí, quando os jovens saem de sua área é como se estivessem em outra cidade. Talvez isso explique um pouco a falta de afeto. Não que isso sirva de justificativa, mas pode ser um ponto de reflexão.

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