Uma exposição no Serviço Social do Comércio (Sesc) sobre as relíquias do príncipe Siddharta Gautama, o Buda Shakyamuni chama atenção pela sua especificidade. Pela primeira e única vez no País, “Relíquias de Buddha no Brasil” é uma boa dica para quem quiser conhecer a arte milenar do Oriente, em exposição até terça-feira. Trazida pela Lama Gangchen World Peace Foundation, a mostra exibe um altar com os restos da cremação do iluminado. Quando o corpo de Buda foi queimado em Kushinagar (Índia), seus vestígios mortais foram depositados em oito relicários, conhecidos como stupas.
No século III a.C., a pedido do rei indiano Ashoka, sete dessas caixas sagradas foram abertas. Quando as suas filhas se casaram, os reis orientais foram presenteados com as relíquias de Buda pelo nobre da Índia, como sinal de paz e união entre todos os povos. Desta época até a atualidade, esses vestígios da calcinação do maior nome do budismo permaneceram em diversos países do Extremo Oriente.
Os governos da Tailândia, Sri Lanka, Myanmar (ex-Birmânia) ofereceram às Organizações das Nações Unidas no ano 2000 uma stupa, com as relíquias de Buda, como reconhecimento da celebração do Dia Internacional do Vesak, em 15 de dezembro de 1999. Esta data é a mais importante do calendário budista, comemorada na lua cheia de maio. O dia sagrado significa o ciclo de Buda Shakyamuni, o nascimento do aristocrata Siddharta Gautama, em Lumbini (Nepal), no século VI a.C., a iluminação de Buda (que representa a verdadeira felicidade interior, conhecida como Nirvana) em Bodhgaya (Índia), e sua morte (pára-nirvana) em Kushinagar (também na Índia).
Estas relíquias foram primeiramente exibidas na sede da ONU, em Nova York, percorrendo o mundo nos últimos três anos. Do Sesc Pompéia, a stupa viajará para o Chile, Áustria, Inglaterra, retornando definitivamente para as Nações Unidas, onde não sairá mais. O budismo é defendido como uma cultura de paz.
O evento gratuito foi inaugurado no dia 19 de junho, com a presença do governador Geraldo Alckmin e dos representantes diplomáticos dos países budistas da Ásia. O visitante poderá entrar no galpão do Sesc Pompéia e verificar dois monges nepaleses, fazendo uma mandala de areia budista. Quando a obra for concluída, ela se desmanchará pela ação do vento. Trinta e três banners dos templos que auxiliaram a organização ficam expostas ao público, além de símbolos tântricos. Oferendas, doações, preces e pedidos poderão ser feitos no recinto.
Os restos da cremação, parecidos com cristais, estão numa redoma de vidro, em frente a uma grande stupa, que guarda a relíquia durante a noite. Os 48 pequenos castiçais com velas iluminam a figura de Buda, estampada na parede.
Além da arte budista, o interessado poderá participar de oficinas e conhecer as comidas típicas desta religião. No último dia, 24 de junho, a partir das 21h, o evento “Noite Cultural” reservará manifestações artísticas budistas, como o coral e instrumental infanto-juvenil Guaçaton e as danças tradicionais tailandesas, com o grupo Leelah.
Yun Jae Hwang, companhia de dança coreana que utiliza tambores Jango, também se apresenta. O Caminho do Guerreiro Compassivo (Bodhisattvacharya) é um concerto musical budista. Finalizando a programação de shows, haverá a apresentação do grupo japonês Himawari.
Para a Noite Cultural, o ingresso custa R$ 12,00 e usuários do Sesc pagam R$ 9,00. Estudantes desembolsam R$ 6,00. Demais atrações gratuitas.
Relíquias de Buda no Brasil
19 a 24 de junho (menos segunda-feira), a partir das 10h. Sesc Pompéia, Rua Clélia, 93. Telefone 3871-7700. www.sescsp.org.br