Os Serviços Especializados de Abordagem Social à população de rua na área da Supervisão de Assistência Social da Lapa recebeu reforço na Operação Baixas Temperaturas, assim como em outras áreas da Cidade, depois da morte de um morador de rua na terça-feira (18), em Pinheiros, devido ao frio.
Segundo a supervisora de Assistência Social da região, Cleide Leonel Amaro Mendes, existem moradores de rua que não aceitam ir para os abrigos. “Existem cerca de 500 moradores em situação de rua na região da Lapa”, revela a supervisora. Segundo Cleide, o dado tem como base os convênios do Seas 4 (Serviço Especializado de Abordagem voltado a dependentes de drogas em cena de uso), que chega a 100 pessoas, Seas Adulto, com mais 300, e o infantil com 100. “A gente intensificou a abordagem e o encaminhamento para o centro de acolhida por causa do inverno rigoroso”, diz. “Também solicitamos reforço de cobertores para distribuição a quem se nega a ir para o acolhimento. É o caso de uma mulher que fica na Rua Coriolano e um homem que permanece na Rua Vespasiano. Eles não querem ir para o abrigo de jeito nenhum. Inclusive, pedi à agente que faça um termo com testemunha sobre a recusa e entregue mais cobertores para que eles não morram de frio”.
O canteiro central da Avenida Gastão Vidigal é um dos pontos da região com maior concentração de moradores de rua, devido à proximidade com a Ceagesp pela fartura de alimentos e “bicos” de trabalho. “No geral eles estão aceitando ir para o abrigo. Quem tem estrutura com barraca e fogareiro fica na rua, quem não tem, aceita o acolhimento. O pessoal do Serviço de Abordagem também conversou com moradores e comerciantes para direcionar os casos para serviços de atendimento à essa população como o albergue (Zancone) porque o inverno está rigoroso”, explica Cleide.
A solicitação de abordagem pode ser feita por meio da Coordenadoria de Atendimento Permanente e de Emergência (CAPE), que funciona 24 horas por dia, pelo telefone 156.
Mulher diz que calçada faz parte de missão divina
Com o Novo Testamento nas mãos, Terezinha de Oliveira se instalou na calçada de um condomínio da Rua Coriolano. A mulher franzina é uma das pessoas que resistem ao encaminhamento das agentes da Prefeitura para um abrigo municipal. “É uma missão que está nas mãos de Deus”, justifica Terezinha, que se identifica como uma missionária da Igreja Internacional da Graça de Deus.
Terezinha revela que, ao contrário do que todos pensam, tem casa e família. Ela conta que é esposa de um pastor e que já trabalhou na igreja como obreira, em São Bernardo do Campo. Sua permanência na rua, segundo conta, é uma prova de que se pode viver na calçada como princesa, sem pedir nada para ninguém. “Recebo de tudo: cobertor, roupas e comida. Tudo sem pedir nada a ninguém”, frisa.
Ela conta que a recusa em ir para um abrigo da Prefeitura faz parte de sua missão na calçada. “Posso sair daqui amanhã ou demorar mais, vai depender do plano de Deus”, conclui a “missionária”.