Acompanhar a administração da cidade é algo quase paradoxal. Temos um orçamento de R$ 60,5 bilhões para 2019 que, apesar de parecer um valor bastante considerável, talvez não seja suficiente. Para o Fundo Municipal de Saúde, que são os recursos destinados à implantação e manutenção do SUS, foram destinados R$ 8,7 bilhões. Também está previsto um empréstimo de US$ 100 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para investimentos na área da saúde.
Por enquanto, parece que não teve avanço na discussão sobre a reabertura do Hospital Sorocabana, único com leitos do SUS que atendia a nossa região e o grande fluxo de pessoas que passam por aqui. Na reunião realizada essa semana na ACSP Distrital Oeste, foi anunciado que a Procuradoria Geral do Município e a assessoria jurídica do Governo do Estado estudam uma forma de garantir a posse definitiva do terreno do hospital à Prefeitura. Mas isso já havia sido anunciado no final de 2018.
A Secretaria Municipal da Saúde e Prefeitura precisam ter segurança para realizar um investimento que não será nada barato. Podemos comparar com o caso de alguém que aluga um apartamento. Essa pessoa não fará grandes reformas no imóvel que não lhe pertence, apenas o que é necessário para que seja habitável. Na administração pública é a mesma lógica. Considerando que os atuais governos municipal e estadual são do mesmo partido e estão alinhados em suas diretrizes é esperado que os avanços de qualquer discussão ocorra de forma mais simples e rápida.
Já o que vai acontecer mesmo é a construção da ponte que vai ligar Pirituba à Lapa. Segundo o prefeito Bruno Covas, dentro de três semanas já poderemos ver as máquinas no canteiro de obras. A discussão do novo complexo viário foi alvo de muitas cobranças ao longo dos anos, seja dos moradores de Pirituba que sofrem com os congestionamentos ou os da Lapa que queriam o acesso direto à Marginal para o trânsito não ser jogado para dentro do bairro. Da forma que está, o projeto parece que vai beneficiar ambos os bairros.
Quem talvez não aprove a prioridade dada à obra sejam as centenas de famílias que aguardam as habitações de interesse social pela Operação Urbana Consorciada Água Branca. O complexo viário foi inserido dentro das intervenções da operação e poderá utilizar recursos caso seja realizado um novo leilão de Cepacs. Sem o leilão, a Prefeitura afirma que a ponte está garantida e será custeada por outros fundos municipais.
Temos na cidade R$ 60,5 bilhões por ano, aproximadamente R$ 5 bilhões por mês ou ainda mais de R$ 1 bilhão por semana. Será que não é suficiente para construirmos a cidade que precisamos?