Apesar da forte chuva e de ter escolhido a bicicleta como meio de transporte, Toni saiu de seu trabalho no centro e deslocou-se até a Subprefeitura da Lapa para a última reunião do Conselho Participativo Municipal. Apesar das encomendas de bolos e doces, Vanessa dedicou seu tempo para preparar uns brigadeiros (muito bons!) e levá-los à última reunião também. Apesar de terem filhos, trabalhos e tarefas domésticas, os conselheiros estavam lá para apresentar o balanço do seu mandato. Alguns dos novos conselheiros, eleitos domingo, também foram.
Os temas tratados nas reuniões do CPM são de extrema importância para todos nós. Vão desde a luta pela preservação de uma praça, o direito por moradia, lembrando os episódios da remoção de centenas de famílias do Jardim Humaitá em uma área considerada de risco, e a falta de atendimento das demandas de habitação, que culminou com a morte de uma criança que morava na margem do córrego na Água Branca, até projetos de grande porte como o PIU Leopoldina. É também o CPM que fiscaliza o orçamento da subprefeitura.
Com pouquíssima divulgação, os conselhos participativos estão perdendo espaço ao longo dos anos. De forma semelhante, as pessoas parecem mais interessadas em perder tempo brigando nas mídias sociais do que tentar fazer algo para encontrar soluções. A queda na participação na política da cidade é algo grave e nada novo. Até Platão já dizia que “o preço que os homens de bem pagam pela indiferença aos assuntos políticos é ser governado pelos maus”.
Além dos temas da região, dois conselheiros estiverem em Paraisópolis no fim de semana, na homenagem feita aos jovens que morreram durante uma ação policial em um baile funk. Talvez alguém pense que isso não diz respeito a quem mora na Lapa, mas na verdade diz sim. Vivemos na mesma cidade, no mesmo país. Como achar normal eventos acabarem em morte em um determinado bairro e em outro não? Se a “pirralha” escolhida como personalidade do ano pela revista Time está lutando por uma causa mundial, nosso dever como cidadãos é acompanhar os problemas de outros bairros da cidade, participar e cobrar as mudanças que são urgentes.
Por causa da chuva, professores, funcionários e pais de alunos da EMEI Professora Sarita Camargo tem que se adaptar aos alagamentos na escola. Sempre foi pedida uma solução para o local. Será preciso que uma criança fique muito doente para nossos governantes e legisladores fazerem algo?
Sem participação, pessoas podem morrer, a qualidade de vida pode ser prejudicada e o dinheiro público, ou seja, o seu, pode ser gasto de forma irresponsável. Apesar da falta de tempo, do cansaço, das dificuldades e da chuva, todos devem participar.