Sempre triste perder alguém comprometido em manter viva a memória do patrimônio e interessado nas questões comunitárias, caso do Luiz da Silva Filho que precocemente nos deixou essa semana. Também é preocupante perceber que faltam pessoas dispostas a assumir o papel de lideranças regionais.
A mobilização por uma causa ocorre quando algo gera muita indignação ou quando somos diretamente afetados por um problema, seja a necessidade de um serviço, os recorrentes casos de perturbação do sossego, a sensação de insegurança, podendo chegar a situações mais graves, por exemplo, quando somos vítimas de algum crime. Isso é frequentemente notado nas reuniões dos conselhos comunitários de segurança. Quando um incômodo permanece, os moradores buscam soluções em todos os canais disponíveis, cobram os responsáveis pela solução e se fazem presentes em todos os debates. Quando seu caso é resolvido, o interesse desaparece. Como se participar e saber o que afeta seu bairro não fosse algo que merecesse atenção constante. Claro que existem exceções, mas geralmente vemos as mesmas pessoas comprometidas que dedicam seu tempo para ajudar outras.
Uma discussão importante da semana foi o início da elaboração da lei orçamentária de 2023. Seria o momento e canal ideais para cobrar investimentos para a região. Mas a reunião, para além da apresentação formal realizada pela Secretaria da Fazenda, só contou com uma manifestação. No site Participe Mais, ao selecionar a Subprefeitura Lapa, apenas quatro propostas foram inseridas para serem incorporadas ao orçamento, sendo que dia 24 de abril é o último para enviá-las. Após isso, o Conselho Participativo Municipal da Lapa deverá selecionar as 15 propostas consideradas prioritárias, se chegarmos a essa quantidade. Propostas que devem ser objetivas e executáveis, não genéricas como “melhorar a saúde” ou “aumentar as áreas verdes”.
Muitas críticas são cabíveis em todo o processo, seja a falta de divulgação, a dificuldade de encontrar os links de acesso e o horário da audiência pública (já que a maioria das pessoas costuma estar ocupada às 10h de uma segunda-feira). Mas a participação social não é algo que acontece de forma passiva. É preciso empenhar esforços, tempo e energia para mudar o que precisa.
Temos as facilidades da internet onde podemos encontrar quase tudo que precisamos, conversar com pessoas que compartilham dos mesmos interesses e acompanhar os assuntos que nos afetam. Mas nada substitui o engajamento de uma reunião presencial. Precisamos retomar esse contato. É a única forma de dar continuidade ao trabalho de quem, nos últimos anos, se dedicou para tornar a Lapa melhor.