Na Era da Tecnologia, tudo o que conhecemos parece ter obrigação de se transformar. Ganhar novas caras, novos usos. Enfim, se reinventar a cada instante, para somente assim conquistar outros públicos.
Porém, todas as vezes que visito o nosso ‘velho’ Mercado da Lapa, que agora completa 70 anos, penso que essa regra não se aplica a ele. Há sete décadas, o Mercado permanece ali, no largo da Rua Herbart. Sua estrutura pouco mudou, e duvido que mudará muito algum dia. As bancas, que exalam pela área aquele cheiro irresistível de especiarias e queijos, são as mesmas, muitas delas administradas pela mesma família desde sua fundação, em 1954.
Qual seria, então, o segredo do nosso Mercado para continuar atraindo gerações de lapeanos e não lapeanos, que nos recorrentes tempos de crise ou nos cada vez mais raros períodos de economia aquecida não deixam de frequentar o local e fazer por lá pelo menos uma comprinha?
Se eu fosse arriscar um palpite para responder a essa pergunta eu diria: o segredo do nosso ‘velho’ Mercado é que ele não é apenas um lugar aonde as pessoas vão para comprar algo gostoso e de qualidade. Mas, acima de tudo, é um ponto de encontro – o mais tradicional e querido da Lapa. Nosso cartão postal!
Ali os mais velhos passeiam devagar, observando os produtos de cada banca; as senhorinhas escolhendo carnes e peixes, os ‘vovozinhos’ comprando rolo de fumo… No meio deles, os jovens passam apressados, em grupos ou com o celular na mão. Mas parando sempre para comprar um doce ou tomar um suco, antes de, quem sabe, se dirigir à estação de trem ao lado.
E isso, eu acredito, nunca vai mudar. Porque, ao contrário das novidades tecnológicas que inundam nosso imaginário consumista, o Mercado da Lapa é um ícone atemporal. E seguirá assim porque oferece um colorido e um cheiro inconfundíveis e que inebriam as pessoas. Em enormes quantidades e com sabores que entram instantaneamente pelas nossas narinas, os itens vendidos no Mercado estão ali para serem tocados, experimentados. E não escolhidos friamente através de um aplicativo de compras online. E as pessoas, por incrível que pareça, ainda precisam disso!
Assim, a mensagem que eu quero deixar ao dar os parabéns ao septuagenário Mercado da Lapa é que ele vai resistir, com poucas mudanças, em meio a um bairro que se transforma a cada dia. Em meio às pessoas sempre em busca de coisas novas, mas que ainda hoje – graças a Deus! – não resistem aos encantos e à simplicidade dos mercados municipais. E é bom que isso continue assim.