Diálogo político

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Em 2002, ao analisar a influência da mídia nas campanhas eleitorais, a professora Vera Chaia (PUC-SP), uma das mais respeitadas pesquisadoras sobre a história política brasileira, afirmava que todas as campanhas eleitorais estão sendo guiadas por pesquisas de opinião pública: como deve ser a imagem do candidato, quais os temas que ele deve enfatizar etc. O debate político de grandes temáticas desapareceu. O que move as campanhas agora são as pesquisas de tendência do eleitorado, já que elas podem desestabilizar ou aumentar o financiamento dessas campanhas. Predomina a ‘corrida de cavalos’ neste pleito eleitoral: quem está na frente e o que se pode fazer para alavancar uma outra candidatura”.
Transportada para o cenário atual das eleições municipais a avaliação da professora Chaia é facilmente comprovada. Há no ar uma grande ansiedade por parte dos comitês de campanha em relação ao resultado da primeira pesquisa eleitoral que será realizada após o início da propaganda gratuita no rádio e na televisão. A assessoria do prefeito Gilberto Kassab, por exemplo, crê que a exposição do candidato à reeleição nessas duas mídias é fato suficiente para tirá-lo da terceira posição apontada nas últimas pesquisas Ibope e DataFolha.
A tal “corrida de cavalos” se repete e não há espaço para discussão profunda de um tema fundamental em qualquer eleição municipal numa cidade como São Paulo: o planejamento urbano de longo prazo.
Na semana que passou, a redação do JG recebeu a visita de importantes lideranças políticas, desde a candidata a vice-prefeita (Alda Marco Antonio, na chapa encabeçada por Kassab) até o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, o alckmista declarado José Aníbal, passando pelo presidente nacional do PV (José Luiz Penna) e pelo secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, figura de destaque do PSDB paulista e homem de confiança de Kassab. Nos diálogos mantidos, abordamos a preocupação de certos setores da comunidade em relação ao crescimento sem planejamento da região da Lapa e vizinhança. Salientamos que é hora de sair de uma campanha com propostas-bombeiro, que apenas apagam incêndios aqui e acolá sem indicar que horizonte nos espera no futuro, para passarmos à discussão das grandes temáticas de planejamento urbano de longo prazo, como nos bons tempos de Prestes Maia, Figueiredo Ferraz e Olavo Setúbal.

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