EDUARDO FIORA
Na próspera Rua Carlos Weber, na Vila Hamburguesa, modernos sistemas hidráulicos instalados em condomínios de alto padrão garantem conforto e segurança aos moradores. Dotados de dispositivos eletrônicos, eles bombeiam o fluxo contínuo de água que brota do extenso lençol freático sobre o qual as enormes torres residenciais foram erguidas. O preço da manutenção desse serviço vem embutido em taxas condominiais nada modestas.
Já no vizinho Jardim Humaitá, ao lado do ITM Expo, antigos moradores de casas térreas ou de pequenos sobrados vivem um clima de insegurança em época de fortes chuvas, uma vez que o grande sistema hidráulico implantado pela prefeitura foi completamente abandonado. Tradicional área de alagamento, o Jardim Humaitá contava com uma ampla bacia de contenção de água pluviais, construída para evitar enchentes na região. Sem receber a devida manutenção por parte da prefeitura, a partir da gestão Marta Suplicy, tal sistema entrou em acentuado processo de deterioração. Hoje, o que deveria ser um piscinão assemelha-se a um imenso brejo. “Não existe mais uma bacia de contenção no bairro. O mato e o lixo tomaram conta de tudo. Até mesmo peças da comporta instalada no córrego da Avenida Roberto Zuccolo foram roubadas”, conta o presidente da Sociedade Amigos do Jardim Humaitá (SAHU), Antonio Djalma Magalhães.
O colapso desse sistema hidráulico deixa em estado de alerta os moradores de vias como a Avenida Comendador Alberto Dias ou Ministro Silva Maier. “No ano passado fomos vítimas do descaso da prefeitura em relação a esse problema. Choveu forte e a água invadiu várias casas. É inaceitável que um equipamento como esse tenha sido abandonado pela prefeitura”, protesta Jair Ribeiro, morador do Jardim Humaitá.
A situação no bairro é agravada por um outro problema: o avanço da subhabitação. “Em 2004, áreas ao redor da bacia foram sendo ocupadas por moradores, que construíram dezenas de barracos, muitos deles erguidos na margem do córrego. Será que a Defesa Civil não vê que esse pessoal está morando em área de risco?”, questiona Djalma Magalhães, exibindo ofício encaminhado em julho de 2005 ao subprefeito da Lapa, Paulo Magalhães Bressan. “Não recebemos nenhuma resposta. Isso não é novidade. A gestão anterior também ignorou ofício que protocolamos em janeiro de 2004”.
O Jornal da Gente entrou em contato com a Subprefeitura da Lapa para obter esclarecimentos sobre essa questão. Até o fechamento desta edição, nenhum retorno havia sido dado à nossa reportagem.