Sem o amparo das estruturas públicas e ignoradas pelos membros do Conselho Tutelar da Lapa, moradores da Favela Ilha Verde (Ponte Anhangüera) recorreram, na quarta-feira,13, à Defensoria Pública. O motivo é a iniciativa, por parte da Prefeitura, de remoção das 312 famílias, que ao longo de décadas construíram subhahabitações em área pública junto à Marginal Tietê. “Como é que podemos sair no meio do ano com nossas crianças nas escolas? Em que colégio elas irão estudar se mudarmos de bairro?”, perguntou uma moradora ao Defensor Carlos Henrique Loureiro.
Essas e outras questões de caráter humano fazem da Ilha Verde um caso emblemático da ação da gestão municipal e do próprio Conselho Tutelar lapeano, que também teve atuação questionada durante a desocupação, no início do ano, do alojamento Ponto Frio, na Lapa de Baixo. Na ocasião, o conselheiro Álvaro Ramos e a coordenadora de Assistência Social da Subprefeitura da Lapa, Rosangela Zanetti, consideraram que o pequeno Jonathan, então com três meses, e sua mãe, uma jovem de 18 anos, eram invasores de área pública e que o destino adequado a ambos era “o albergue municipal mais próximo”. Tal orientação e determinação receberam críticas do próprio defensor Loureiro, que acompanhava o caso.
A desocupação da Ilha Verde, que faz parte do projeto de construção do novo complexo viário na região da Ponte Anhangüera, traz consigo problemas e contradições de ordem social que vão além do encaminhamento escolar das crianças. “A Secretaria de Habitação nos oferece carta de crédito, mas não temos condições de pagar. Ela também libera casas na Zona Leste, mas nós moramos na Zona Oeste. Tivemos que recorrer à Promotoria da Habitação para garantir moradia num conjunto habitacional no Limão”, afirma Francisco Alves dos Santos, líder comunitário.