RENATA DE GRANDE REPÓRTER
O governo do Estado anunciou na última terça-feira, dia 19 de julho, através de edital publicado no Diário Oficial, a instalação e construção de duas unidades da Febem (Fundação Estadual do Bem Estar do Menor), uma delas na Vila Leopoldina. O início das obras está previsto para agosto próximo, com finalização até o final de 2005. A unidade custará R$ 2,7 milhões, e terá capacidade para até 150 menores, divididos em dois módulos de 75. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê um limite de 40 vagas.
Mas o local exato da construção ainda não foi definido. Algumas hipóteses foram levantadas pela reportagem do Jornal da Gente. Uma delas é a unidade ser construída no terreno da Eletropaulo, conhecido como “Bota Fora”, que antes era utilizado para aterrar o material de leito do Rio Tietê, e está localizado atrás do Cadeião de Pinheiros. Segundo moradores da região, o terreno já está sendo plainado, e a construtora Odebrecht, que teria recebido uma carta convite seria encarregada de executar a obra. Outra possibilidade é o terreno na frente do Cadeião, que também está sendo plainado e já recebeu placas de concretos isolando a área.
A família Haddad, proprietária do ITM-Expo e de outros galpões da Vila Leopoldina já está se mobilizando junto ao Ministério Público, para impedir a vinda da Febem para região. Assim como a Associação de Empresários da Vila Leopoldina que, do mesmo modo, é contra a construção da unidade da Febem.
Segundo autoridades ligadas à área de segurança na Lapa, que não quiseram se identificar, a transferência da ala feminina com cerca de 1.500 mulheres do Cadeião de Pinheiros para a Penitenciária do Carandiru, já é certa. O Cadeião, por sua vez ficaria ocioso, e poderia receber os internos da Febem do Tatuapé, uma das mais explosivas e preocupantes unidades do Estado. Entidades, lideranças e toda a população da região estão assustadas com a possibilidade de uma Febem no bairro e já estão se mobilizando para tentar impedir a construção. Para Gláucia Mendonça Prata, líder comunitária do Movimento Popular da Vila Leopoldina, que lutou por 12 anos para o fechamento da Usina de Compostagem, a construção de uma Febem no bairro só irá atrair mais problemas afastando os novos investidores. “Nos últimos meses o nosso bairro tem atraído novos empresas, trazendo uma valorização para a região e até, transformando-a numa área de empresas de mídia, como é o caso das novas agências de publicidade que se instalaram no bairro. Trazer os menores da Febem do Tatuapé para a Vila Leopoldina, irá apenas transferir o problema de lugar. Sou totalmente contra, é um verdadeiro absurdo. Já estamos passando um abaixo-assinado no bairro, para tentar impedir a instalação da unidade da Febem na Vila Leopoldina”, declarou Gláucia Prata.
O presidente da Consab’s (Conselho das Asssociações de Amigos de Bairro da Lapa e região) José Benedito Morelli, o Boneli, também se diz alarmado e já foi procurado por um grande número de moradores do bairro que estão cobrando uma ação imediata da entidade que ele dirige.
Na madrugada da última sexta-feira, dia 22, 35 menores da unidade do Tatuapé fugiram pelo muro, aumentando ainda mais a preocupação com a notícia da transferência desses infratores para a Vila Leopoldina.