EDUARDO FIORA
Na quarta-feira, 15, um grupo ligado ao Espaço Cultural Tendal da Lapa realizará manifestação contra o fechamento do local, que será transformado em Poupatempo. O ato de protesto terá como palco as escadarias do Teatro Municipal, no centro da cidade, e pretende reunir simpatizantes pró-Tendal a partir das 13h
Mesmo com a prefeitura garantindo a continuidade das oficinas e outros eventos organizados no Tendal, tendo para isso cedido um amplo imóvel na Rua do Curtume (no cruzamento com a Rua Guaicurus), setores da comunidade prometem marcar posição no que consideram uma atitude unilateral por parte do poder público. “Não se trata de atacar a construção de um Poupatempo na Lapa”, afirma Ros Mari Zegna, do Movimento em Defesa do Espaço Cultural Tendal da Lapa. “Queremos protestar contra a maneira pela qual se deu o processo de definição da desativação do atual espaço e a escolha do novo local. Simplesmente, a diretoria, os artistas e os usuários do Tendal não foram ouvidos. Tivemos de suportar uma decisão tomada de cima para baixo, sem nenhum caráter democrático e participativo”, acrescenta Ros Mari.
No manifesto que circula pela Internet, os “tendalistas” reforçam a importância do Espaço Cultural Tendal, seja do ponto de vista social como cultural. Porém, nenhuma menção é feita ao imóvel cedido pela prefeitura. Algo nesse sentido aparece timidamente no site www.vivaotendal.net. “Abraçar, agora, o edifício da Rua do Curtume seria abrir mão do Tendal”, afirma Paulo Kauy, que na gestão de Marta Suplicy coordenou o espaço cultural lapeano. “Ainda lutamos por uma proposta que concilie o convívio das atividades culturais e do Poupatempo numa mesma área. O Tendal oferece uma atmosfera ímpar para o desenvolvimento de performances artísticas. Por isso ele tem de ser preservado”.
O outro lado
O subprefeito da Lapa, Paulo Magalhães Bressan, reafirma que a decisão quanto ao local de instalação do Poupatempo na Lapa teve caráter puramente técnico. Ainda, segundo ele, o prédio da Rua do Curtume oferece plenas condições para o desenvolvimento das atividades hoje promovidas no Espaço Tendal. “Não se trata de um edifício qualquer. Escolhemos um que tem a cara e o jeito de uma Lapa antiga. Além disso, podemos pensar num planejamento para ocupar culturalmente a Rua do Curtume, entre a Guaicurus e a passarela sobre a linha ferra, transformando-a em boulevard”.
