Os moradores da região da Vila Leopoldina, que abrange os bairros do Alto da Lapa, Vila Hamburguesa e Bela Aliança, não querem mais o funcionamento da Usina de Compostagem da Vila Leopoldina. Em uma reunião realizada na última quinta-feira, entre representantes da Secretaria de Serviços e Obras (SSO), Subprefeitura da Lapa e moradores, esses últimos deixaram bem claro a posição da comunidade quanto à questão da usina.
A reunião foi marcada em caráter de urgência para que os representantes da SSO explicassem aos moradores um pouco mais do funcionamento da usina e também falassem das dificuldades de se tratar o lixo em São Paulo. Os participantes ouviram as explicações, mas indignados com os problemas causados pela usina, reafirmaram suas posição contra seu funcionamento no bairro.
O mau cheiro é um dos maiores problemas citados pelos moradores. Outra questão levantada por eles foi o acúmulo de entulho. Muitos questionaram que a usina está processando o entulho, o que é ilegal. Luciano Legasp, geógrafo e assistente técnico da Divisão Técnica de Compostagem da (SSO), explicou que no local é feito o transbordo do entulho. Segundo ele, as caçambas chegam à usina, onde o entulho é pesado, e depois uma carreta leva todo o material até um aterro de inertes. A explicação não convenceu os moradores, já que esse transbordo provoca muito barulho e poeira na região.
No final da reunião, o pessoal da Subprefeitura Lapa e da SSO propuseram aos participantes que fossem formada uma comissão e marcada outra reunião para discutir melhor o assunto. Os moradores concordaram, desde que a discussão aconteça com a prefeita Marta Suplicy.
Briga é antiga
O Movimento Popular pela Retirada da Usina de Compostagem da Vila Leopoldina é bem antigo, funcionando desde 1992. A representante do movimento, Gláucia Mendonça Prata, entregou aos representantes da SSO um abaixo-assinado com mais de cinco mil assinaturas e um ofício pedindo a desativação da usina. Além disso, o movimento possui documentos e reportagens que relatam toda a luta nesses 10 anos.
Para Luiza Nagib Eluf, presidente da Associação de Moradores pela Preservação do Alto da Lapa e Bela Aliança (Assampalba), a única solução é a desativação da usina. “Já tentamos outras formas, mas o problema desaparece por um tempo e depois volta”, afirma. Segundo ela, foi assinado um Termo de Ajustamento e Conduta, que minimizou o problema do mau cheiro, de uns tempos para cá piorou. “Já pedimos, no Ministério Público, a reabertura do processo, que estava arquivado, e vamos lutar até o fim para resolver este caso”, afirma.
De acordo com José Benedito Morelli, o Bonelli, presidente da Consabs, existe um grande movimento pela retirada da Usina de Compostagem da Vila Leopoldina do bairro. “Estamos há 10 anos lutando por isto e inclusive já tivemos o apoio de vereador do PT nessa luta. Temos toda a documentação e iremos unir as forças das associações de bairro para vencer esta batalha”, afirma. Ele destacou que, em 1992, havia parecer informando a contaminação do lençol freático e também os prejuízos causados às pessoas pelo chorume, que causa câncer de pele.
Antonio Rivas, gerente da Agência Ambiental de Pinheiros, da Cetesb, falou da questão do mau cheiro. Segundo ele, já foi feita a notificação para que o problema seja resolvido e, caso isso não aconteça no prazo estipulado, haverá o pedido de interdição e fechamento da usina até que seja resolvido o caso.
A diretoria da Divisão Técnica de Compostagem da SSO, Siomara Gonzalez Gomes, explicou aos moradores sobre a questão do transbordo de entulho e sobre a ampliação dos serviços da usina. Segundo ela, a proposta é de uma ampliação nos serviços e não na quantidade de lixo processada diariamente no local. A idéia é implantar um Centro de Triagem, como já funciona na Usina São Matheus. Os moradores afirmaram que não querem nem Usina de Compostagem nem Centro de Triagem.