Se depender do morador Ismael Vicente, as praças da região, muitas delas enormes vazios por onde não circula ninguém ou então grupos reduzidos de pessoas, deveriam ganhar vida. Foi pensando assim que Ismael propôs para a Sub Lapa atividades musicais ao ar livre. “Na Praça José Roberto existe um belo coreto. Por que não levar até lá um pouco de alegria?”, questiona o morador. “Propus à subprefeitura a realização de shows com grupos de chorinho, mas ainda não recebi resposta”.
A monotonia dos espaços públicos foi alvo da análise da escritora norte-americana Jane Jacobs especializada em arquitetura e falecida em 2006. Seu livro, “Vida e Morte de Grandes Cidades”, escrito em 1961 e editado no Brasil no ano 2000, fascinou o governador José Serra, que enquanto prefeito de São Paulo indicou a obra para todo o seu secretariado e assessoria. Jacobs, na sua obra, citava um caso de quebra de monotonia citando a ocupação popular de uma praça em Londres. “Em todas as noites agradáveis de verão vêem-se televisores fora de casa, usados em público, nas velhas calçadas movimentadas. Cada aparelho, com uma extensão elétrica estendida ao longo da calçada até a tomada de algum estabelecimento, transforma-se em um quartel-general informal de mais ou menos uma dúzia de homens que dividem a atenção entre a televisão, as crianças das quais devem cuidar, as latas de cerveja, os comentários dos outros. Desconhecidos param e, quando querem, se juntam à platéia”.