Lajos Beres é uma figura ímpar. Luta pelo seu bairro de nascimento como defende um filho na guerra. Neto do húngaro Beres Sandor, que chegou ao Brasil em 1924 – vindo da região Bior Medg (atualmente situada na Romênia) -, Lajos nasceu na Vila Anastácio em 20 de dezembro de 1928.
“A razão principal das famílias húngaras virem para cá foi a crise econômica e política que abateu o império austro-húngaro, logo após a derrota do país na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando perdeu território. No Brasil, os fazendeiros precisavam de mão-de-obra para lavoura”, narra o também presidente e fundador da Sociedade Amigos de Vila Anastácio (Sava), há 51 anos.
Segundo Lajos, o período da grande entrada de húngaros na Vila Anastácio foi no final dos anos 20, já que os imigrantes fugiam das fazendas das cidades do interior paulista, como Ourinhos, Santo Anastácio e Palmital. No bairro, os húngaros trabalhavam na Refinaria de Milho Brasil, no matador e frigorífico Armor e sobretudo na São Paulo Railway (SPR).
Ele disse que a região possuía poucas casas e as ruas eram de barro. Por um bom tempo, o bairro só tinha uma linha de ônibus, saindo da Vila Anastácio para a Rua Martin Tenório, no centro da Lapa. O veículo era dirigido por Luiz Gatti, que se tornaria o empresário da atual Viação Gato Preto. Havia também um bonde que ia até a City Lapa.
Devoto de Santo Estevam, o rei que introduziu o cristianismo na Hungria por volta do ano 1000, Lajos (que significa Luiz, na nossa língua) foi um dos membros da Comunidade Romana Católica do Rei Santo Estevam, fundado em 1932. Depois, Lajos organizou o grupo que criaria a Sociedade Esportiva e Recreativa de Vila Anastácio (Serva), que completará 45 anos em 25 de janeiro do próximo ano.
Casado com a descendente de poloneses Maria desde 1955, o lapeano relembra a luta por melhorias no bairro, como rede de iluminação e asfalto nas ruas. Atualmente, Lajos gostaria que a Vila Anastácio tivesse uma área de lazer. Ele sugere que um espaço anexo à Escola Estadual Alexandre Von Humboldt poderia ser utilizado pelos moradores.