Ao longo dos últimos tempos, neste mesmo espaço e nas páginas internas do JG, muito se falou dos efeitos deletérios do jeito de administrar do subprefeito da Lapa, Paulo Bressan. Entendemos que fomos transparentes e objetivos em nossas reportagens e comentários a respeito do divórcio entre poder público regional e comunidades locais. Sendo assim, nada de novo existe para ser comentado sobre esse conflito, a não ser que, como sugerimos na primeira capa desta edição, é chegada a hora de virar uma triste página dos bairros da região, cujo enredo se arrastava por penosos 32 meses.
A nomeação de Luiza Eluf como subprefeita da Lapa abre um novo tempo para todos aqueles que moram e/ou trabalham nos bairros da região, o que explica o fato de termos optado por uma segunda capa nesta edição. Nossa intenção foi propor um olhar para frente, sem que nos percamos remoendo o passado.
Isso não significa que podemos desprezar as lições que tiramos desde o dia 1º de janeiro de 2005. A principal delas a ser lembrada, sempre, é que unidos em pensamentos e ações temos força para sensibilizar nossos governantes a mudar o rumo das coisas. Ou ainda restam dúvidas de que foi a pressão comunitária o fator decisivo para a tomada de posição por parte do prefeito Kassab de dar aos seis distritos da Sub Lapa um novo gestor? Não há como negar que, enquanto comunidade, começamos a resgatar o sentido da importância da ação política. Para deixar claro o nosso descontentamento com a gestão do subprefeito, encaramos de frente o jogo político, abrindo diálogo com vereadores, secretários municipais (Coordenação das Subprefeituras, Comunicação, Esportes, Cultura, Assistência Social e Participação e Parceria) e também com o próprio prefeito.
Se foi a partir do diálogo que conseguimos virar a página, não podemos prescindir dele no nosso relacionamento com Luiza Eluf, quando temos pela frente o desafio de reconstruirmos, juntos, um projeto para os bairros da gente. Uma subprefeita vinda da região e que conhece bem a alma comunitária, sabe o que Lapa, Leopoldina, Vila Romana e Jaguaré querem: a concretização de um modelo de gestão efetivamente participativo, com respeito à comunidade. Disso não abrimos mão e a própria Eluf já lutou por essa bandeira. Esperamos apenas que a futura sub-prefeita não escorregue no limbo dos servidores públicos que, detentores do poder, acabam se esquecendo do que falaram, escreveram e idealizaram.