EDUARDO FIORA
A chegada de uma moradora da região, a advogada lapeana Maria Lumena Balaben Sampaio, ao comando da Ouvidoria Geral de São Paulo, nos traz, mais uma vez a oportunidade de refletirmos sobre nossa relação com os bairros que escolhemos para morar ou nos quais exercermos o nosso trabalho.
Profissional com larga experiência no sempre instigante assunto dos direitos dos consumidores, Lumena transporta esse aprendizado para a nova função que ocupa de forma interina.
Ao receber em seu gabinete a reportagem do Jornal da Gente Lumena lembrou que para reivindicar algo é necessário, antes de mais nada, que nos reconheçamos enquanto cidadãos e nos identifiquemos com as coisas locais como a Unidade Básica de Saúde, os sistemas de iluminação, a obra irregular, a poda de árvore, por exemplo.
Segundo a ouvidora é fundamental que possamos perceber que tudo isso têm, de fato, a ver com a nossa cidade e com o bairro onde estamos.
Lumena lembra que a partir dos anos 80, o brasileiro aprendeu a procurar o Procon não para ser ressarcido do valor econômico de um iogurte fora do prazo de vencimento.
Segundo ela, o que estava implícito nessa reclamação era a formação de uma firme consciência cidadã apontando para a vontade dos consumidores em estabelecer uma nova forma de relacionamento com as empresas produtoras de bens de consumo.
Seguindo o raciocínio da ouvidora geral de São Paulo fica fácil aproximarmos o móvel que desemba- lado já dava sinais de estar comprometido por cupins da realidade cotidiana. Trata-se do cenário de ruas escuras, do barulho fora de hora, da construção ilegal, da fiscalização permeável à propina ou ao funcionalismo que peca pela falta de ética no trato da coisa pública.
Do Plano Cruzado, gestado no governo Sarney, passando pela promulgação da Constituição de 88, até chegarmos aos dias de hoje, aprendemos a ser consumidores exigentes e ganhamos um Código que nos protege. Também consolidamos canais de comunicação importantes como o Procon e o Idec.
Enquanto munícipes, está mais do que na hora de validarmos e valorizarmos a Ouvidoria de nossa cidade, reconhecendo-a como instrumento de reivindicação capaz de nos conduzir a um novo modelo de relacionamento com aqueles que devem zelar pelo bairro da gente.