O Colégio Santo Ivo, a Ordem dos Advogados do Brasil – 96ª Subsecção Lapa e a Associação dos Advogados da Lapa celebraram uma missa de ação de graças em louvor a Santo Ivo, padroeiro dos advogados. A cerimônia religiosa homenageou os idosos, seguindo o tema “Fraternidade e Pessoas Idosas – Vida, Dignidade e Esperança”, da Campanha da Fraternidade 2003, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A missa, que aconteceu no dia 19 de maio, na Igreja Nossa Senhora de Fátima, foi celebrada pelo monsenhor Tarcísio Justino Loro.
Com música da dupla João Mourão e Vanderley Mafra, professores, alunos e pais rezaram pelo espírito de fraternidade entre os homens, pedindo mais respeito às pessoas de mais idade. Maria Luize Marcelini, avó do aluno Bruno, protestou contra o abandono e evocou a todos os fiéis a valorizarem os mais velhos. Myrna de Barros Ibrahim, do Colégio Santo Ivo, resgatou no seu discurso as figuras da mãe e do pai, como os tesouros mais preciosos dos filhos.
“Amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês como amigos e não como empregados”, disse o monsenhor, citando o Evangelho segundo João. Loro também afirmou que as autoridades e as pessoas preocupadas com os direitos civis se reúnem nessa missa anual, um momento ímpar na História da Lapa. Essa época serve para a reflexão do tema proposto pela CNBB, que não diz respeito somente à Igreja Católica, mas para toda a comunidade. “Em 2002, pensamos sobre o problema indígena. Neste ano, o tema é o idoso. Em 2004, a CNBB vai sugerir o tema da água doce”, adianta o responsável pela paróquia de Vila Leopoldina.
O monsenhor também disse que o idoso é o acúmulo de experiências, constatado na vida cotidiana, tanto nos cursos universitários para a terceira idade, como na sabedoria dos avós ao ensinarem jovens e crianças, passando pela participação dos idosos em corais e manifestações artísticas. “Velhice não é doença. Idoso deve ser respeitado pelos seus direitos fundamentais. Ele deve receber carinho da família, o que fez, faz e pode ainda fazer”, protestou Loro, que ainda disse não gostar da imagem de idoso inútil, veiculada pela mídia.
Depois, o presidente da OAB-Lapa, João de Sá Teixeira Neves, declarou ter duas preocupações. Primeiro, as propostas sociais do país devem ter a participação da sociedade civil e o crescimento da violência por causa da falta de justiça, principalmente às vítimas da violência. “Essas duas questões têm a ver com o tema da Campanha da Fraternidade porque os idosos estão esquecidos na pauta social do governo, sobretudo nos baixíssimos salários pagos na aposentadoria e também estão à margem da justiça brasileira”, disse. Para o presidente da OAB-Lapa, o tema da CNBB precisa sair da intelectualidade da Igreja e do discurso dos advogados para serem concretizados pela sociedade, com respeito e valorização aos idosos. “Para que a fraternidade e as pessoas idosas não fiquem somente no conforto dos 700 anos de comemoração de Sant Ives.
O diretor do Colégio Santo Ivo, José Carlos de Barros Lima, disse que o tema da campanha é oportuno. Na sociedade moderna, confunde-se o termo idoso, que se refere a apenas uma contagem de tempo aritmético (do latim idos), não refletindo o estado de espírito. E reiterou “a família é a pedra angular e a sua posição mais alta deve ser a do mais idoso”. Lima também disse que há uma inversão de valores. “Na Antigüidade, havia o conselho dos anciãos. Hoje, resta aos mais velhos esperar pelo reconhecimento e amor de crianças, jovens e adultos”, lamentou.
As alunas Elisa de Luna Rabelo (1º ano do Ensino Médio) e Eloá Regina Orazem (2º ano) declamaram suas poesias em homenagem aos idosos. Antes de dar a bênção final da missa, Geraldo José Medaglia, representando os idosos da OAB e da Associação dos Advogados da Lapa, fez uma homenagem ao advogado e intelectual Raymundo Faoro, morto recentemente, Mahatma Gandhi, pela sua luta pacífica na Índia, dom Helder Câmara, pela defesa dos Direitos Humanos, papa João 23, pela sua preocupação com as questões sociais, que marcaram os séculos 20 e 21, principalmente para os pobres, idosos e crianças. Medaglia lembrou também Rui Barbosa, pela ética, e Miguel Reale, pela sua importância na formulação do Novo Código Civil. “A juventude só termina quando acaba a alegria de viver. Estou alegre porque estou ao lado dos meus colegas advogados”, finalizou Medaglia, sendo muito aplaudido pelos presentes, que tomaram quase a totalidade da Igreja Nossa Senhora de Fátima.