É digno de nota o Projeto de Lei do vereador Francisco Chagas (PT) propondo que “os subprefeitos devam residir no território da respectiva Subprefeitura durante seu exercício, devendo residir no Município de São Paulo há, pelo menos, um ano anteriormente à da data de sua nomeação”.
Quem mora ou mesmo trabalha na região da Subprefeitura da Lapa tem motivos de sobra para concordar com o vereador quando ele explica as razões que o levaram a defender tal proposta. “Conviver com a administração de alguém que vem de fora da região é, por vezes, traumático para a população”, sustenta o parlamentar.
De fato, foram traumáticos os dois anos e meio em que os bairros da gente estiveram sob a tutela de um gestor “forasteiro”, que chegou ao gabinete da Rua Guaicurus,1000, sem conhecer as comunidades e os problemas locais e, muito menos, o tecido sócio-econômico da região.
Para nós, faz sentido a bandeira defendida por Francisco Chagas, afinal de contas no diálogo que, enquanto comunidade, mantemos com o Executivo Municipal sempre deixamos claro: a Lapa quer ser administrada por um dos seus moradores, seja ele residente na Lapa em si, ou nos outros cinco distritos: Jaguara, Jaguaré, Vila Leopoldina, Perdizes e Barra Funda.
Ao rejeitarmos soluções “estrangeiras”, não estamos sinalizando para um xenófobo bairrismo. É claro que essa ligação umbilical com os bairros da gente não significa, necessariamente, sinônimo de ótima gestão. Para que isso ocorra, o subprefeito nato tem de ser um hábil negociador, capaz de diluir as tensões naturais que se estabelecem entre os interesses públicos e comunitários. Precisa também estar atento para que interesses políticos – comunitários e/ou palacianos – não se sobreponham às reais necessidades da população.
Também sabemos que o sucesso de um subprefeito com raízes nos bairros da região depende do apoio incondicional do Executivo (Prefeito e Secretário das Subprefeituras) ao seu plano de gestão regional.
No contexto de um quadro político pré-eleitoral , é sempre oportuno lembrarmos ao prefeito Kassab, bem como aos candidatos à sua sucessão, que a triste experiência de uma gestão estranha à comunidade é pagina virada entre nós. Mas como “gato escaldado tem medo de água fria”, continuamos a rejeitar, em qualquer tempo – imediato ou futuro, eleitoral ou não – um hipotético “bis forasteiro”.