Discurso impróprio

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Numa iniciativa do vereador Claudinho de Souza, a Lapa, desde 2005, por ocasião de seu aniversário, é homenageada pela Câmara Municipal de São Paulo com uma Sessão Solene da Câmara Municipal realizada no próprio bairro. No evento, que tanto enche de orgulho a gente lapeana, são lembradas figuras que de um modo ou outro contribuem ou contribuíram para o desenvolvimento do bairro e fortalecimento dos laços comunitários.
O próprio vereador Claudinho nas quatro Sessões Solenes que presidiu sempre deixou claro que o centro das atenções dessa solenidade não é o mundo político, mas sim a comunidade da Lapa. Sendo assim, conforme ele mesmo salientou, optou realizar o evento após as eleições  modo a não misturar comunidade com política partidária. Além disso, a escolha dos homenageados é entregue pelo vereador a uma comissão formada por pessoas do próprio bairro e não do seu gabinete.
Ao tomar a palavra no encerramento de cada uma das quatro seções, Claudinho sempre evitou discursos de elogios a si mesmo ou frases feitas para ressaltar qualquer aspecto positivo da gestão municipal.
Se o proponente desse tipo de homenagem à gente da Lapa age assim, é no mínimo questionável o fato de a subprefeita Luiza Eluf ter proferido um discurso político-eleitoral e de valorização de obras de sua gestão ao ser convidada a falar na Sessão Solene realizada na quarta-feira, 5.
Muitos dos presentes ficaram surpresos com a atitude de Eluf, que desafinou feio no tom: maculou o clima comunitário do evento, ignorando por completo que naquele ato não estavam sendo homenageados nem Serra, Kassab ou Alckmin, o trio merecedor de rasgados elogios por parte da subprefeita; diminuiu a estatura do cargo que ocupa quando fez da tribuna que lhe foi oferecida um palanque para si mesma, defendendo a sua política de salvamento da City a partir da construção de rotatórias floridas, algo que vários de seus vizinhos do Alto da Lapa contestam.
Disse Eluf que flores não são bobagens, como muitos alegam. Perfeito. Quem de nós não gosta de uma rosa? Bobagem é esse discurso oficial de uma apologia de flores em rotatórias como salvação da humanidade. Porém, bobagem maior é a insana aventura que insiste em desprezar e quando não humilhar e constranger o verdadeiro canteiro florido das relações humanas: a vida em comunidade e a liberdade de expressão.

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