Questões de zeladoria

Posto que a gestão Kassab optou pelo esvaziamento das funções das 31 subprefeituras, transformando-as em meros balcões de atendimento de demandas como poda de árvores, limpeza de áreas verdes e desobstrução de galerias, caberá à nova subprefeita da Lapa, Soninha Francine, fortalecer uma das poucas coordenadorias que sobraram na estrutura de administração regional: a Coordenadoria de Projetos e Obras.
Numa região em franco crescimento vertical, as antigas galerias de captação de esgoto e de águas pluviais não mais atendem às necessidades dos bairros. O reflexo disso são as repetidas enchentes, sobretudo na época do verão, em pontos como a própria sede da Sub Lapa, Viaduto da Lapa, áreas da Leopoldina e do Jaguaré como Viaduto Mofarrej e Avenida Escola Politécnica, Avenida Francisco Matarazzo e Rua Turiaçu na Pompéia. Cenas de áreas submersas foram vistas novamente na tarde e noite da quarta-feira, 14, quando, mais uma vez, a velha infraestrutura pluvial sucumbiu, trazendo transtornos para a população.
Chuva forte e ventania também desnudaram por completo outro crônico e grave problema de zeladoria nos bairros da gente: a falta de projetos para análise da saúde e fragilidade de milhares de árvores que, doentes, tornam-se uma ameaça à vida de pedestres, motoristas, moradores e comerciantes. Estudo do IPT-USP de 2004 mostra que boa parte das espécies arbóreas do Alto da Lapa, por exemplo, apresentam índices elevados de risco de queda, que é agravado pela infestação das mesmas por pragas como o cupim (veja matéria nesta edição). Na tarde da quarta-feira uma gigantesca árvore tombou na Avenida Pompéia, requerendo grande esforço do Corpo de Bombeiros na remoção, com o uso de potentes motosserras. Outras quedas de troncos e galhos ocorreram em áreas como Hamburguesa, Jaguaré e Bela Aliança.
Esses panoramas locais requerem ações imediatas de gestão política e zeladoria. O fator político baseia-se na capacidade que a administração local tem de dialogar com o prefeito e secretários municipais, de modo a garantir recursos para as obras necessárias. Por outro lado, a zeladoria tem como um de seus pilares a capacidade de diagnosticar corretamente os vários problemas regionais, objetivando a formulação de projetos concretos, previamente discutidos com as comunidades locais, e, posteriormente, apresentados ao Executivo paulistano.