A Escola Estadual Anhanguera recebeu o
casal de sobreviventes de Holocausto, Ben Abraham e sua esposa Miriam
Neckryz para uma palestra aos alunos, na segunda-feira, 16, abrindo a
Semana de Reflexões Contra as Intolerâncias, de Combate à Xenofobia, ao
Racismo e à Homofobia.
A finalidade do evento foi estimular a convivência na diversidade
étnica e racial. Coordenador geral da Sherit Hapleitá do Brasil e
vice-presidente da Associação Mundial dos Sobreviventes do Nazismo,
Abraham disse que seu objetivo é transmitir os acontecimentos do
passado para demonstrar onde o regime totalitário inescrupuloso, como
foi o de Hitler, pode conduzir os destinos de uma Nação e do mundo. “O
Holocausto existiu”, afirmou Abrahão no início de sua palestra.
O relato é do período da Segunda Guerra Mundial que terminou em maio de 1945, na Europa.
Quando os alemães ocuparam a cidade de Lodz, na Polônia, Abraham foi
confinado em um gueto e depois enviado a vários campos de concentração,
inclusive Auschwitz.
Ele disse que a Alemanha de tanto aplaudir Hitler antes da guerra,
acabou destruída. “Quando a guerra começou, eu tinha 14 anos. Perdi
toda minha infância. Somente eu e meu primo sobrevivemos à guerra”.
Ele fez relatos de maus tratos, fome e mortes nas mãos do exército de
Hitler. Miriam relembrou momentos difíceis. “Eu era uma criança, tinha
9 anos, e fui uma das poucas crianças que sobrevivi à guerra. Quando os
alemães atacaram a União Soviética, eu, meus pais e meus irmãos
perdemos nossa casa. Judeu não tinha direito a nada. Homens de 16 a 60
anos tinham que se apresentar para o trabalho. Meu pai foi e nunca mais
voltou”.
Assim como Abrahão, ela morou em gueto e assistiu crianças e adultos
morrerem de fome e frio. “Ficamos vegetando e morrendo, ninguém podia
sair de lá”.
Miriam assistiu os pais e irmãos morrerem fuzilados pelos soldados de Hitler.
Abraham e a esposa registraram suas memórias em livros e fazem
palestras sobre o horror do Holocausto, comandado pelo líder nazista em
busca da raça pura.
Miriam chegou ao Brasil em 1951 e Abraham em janeiro de 1955. Eles se
conheceram em um trem, depois de chegarem em São Paulo, se casaram e
vivem felizes em Perdizes, região da Subprefeitura da Lapa.