Trens contam histórias da Lapa

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Foto:

Julio de Moraes (D) no Carro 7, que transportou passageiros ilustres

Marco do desenvolvimento econômico da
Lapa, a ferrovia na região, obra da companhia inglesa São Paulo Railway
(SPR – séculos 19 e 20), costuma ser objeto de estudo de historiadores
e pesquisadores, tanto é que não faltam livros e teses de mestrado ou
doutorado ligados ao tema.
O arquiteto Julio de Moraes é um dos profissionais que se apaixonou
pela história da SPR. Na terça-feira, 7, ele apresentou o seu mais
recente trabalho: a restauração de três carros construídos entre 1909 e
1923 justamente pela São Paulo Railway nas oficinas da Lapa, a partir
de peças fabricadas na Inglaterra.
A iniciativa do projeto partiu da ABPF – Associação Brasileira de
Preservação Ferroviária que foi buscar o apoio da concessionária MRS –
operadora da Malha Sudeste da Rede Ferroviária Federal com sede na Vila
Anastácio – e do Ministério da Cultura (lei Rouanet). O resultado foi a
recuperação de carros utilizados no trecho Santos-Jundiaí, entre eles o
reservado para serviço de bar e o que transportava a diretoria da SPR e
aquele utilizado por profissionais da empresa encarregados da inspeção
da malha ferroviária. “Não falo em carros originais, mas sim em carros
restaurados com fidelidade a uma época”, explica Moraes.
Visitar o trabalho final proposto pelo arquiteto é entrar numa viagem
pelo túnel do tempo, tamanha a riqueza dos detalhes recuperados:
cadeiras, espelhos, poltronas, mesas e outros elementos decorativos,
muitos deles ressaltando o glamour de uma viagem de trem. O sociólogo
José de Souza Martins (USP), lembra que no carro da inspeção (número 7)
viajou em 1927 o escritor (britânico) e Prêmio Nobel de Literatura
(1907), Rudyard Kipling. “Foi nessa viagem de São Paulo a Santos que
Kipling modificou um de seus poemas mais famosos, ‘Os Filhos de Marta’
”, conta Martins.

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