Reciclagem em crise

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O quadro traçado pelo presidente da concessionária Loga Ambiental, Luiz Gonzaga, sobre a realidade da coleta seletiva do lixo em São Paulo acende o sinal vermelho e coloca a sociedade em alerta. O resumo do enredo traçado pelo empresário, cuja frota de caminhões percorrem uma vasta área da cidade, incluindo os bairros da gente, nos coloca diante da seguinte equação: ausência de políticas públicas no setor da coleta seletiva somada à falta de conhecimento por parte da população resultará num prazo ainda indeterminado no colapso da limpeza urbana municipal. Em outras palavras isso quer dizer que ou se estabelece um verdadeiro e correto sistema de coleta seletiva ou teremos sérios problemas na destinação lixo que diariamente produzimos em nossas casas.
A crise no sistema desse tipo de coleta de resíduos se expressa em números: das 15000 toneladas de lixo produzidas diariamente na cidade, apenas 1% consegue ser recolhida de forma seletiva. Como o percentual das verbas destinado pela Prefeitura a esse tipo de operação é muito baixo, o número de caminhões que as concessionárias colocam nas ruas para recolher exclusivamente lixo reciclável é pequeno. Sendo assim, apenas 20% dos moradores de São Paulo contam com esse tipo de serviço, ao contrário do que acontece em Curitiba, por exemplo, onde 100% da população recebem em suas casas caminhões que recolhem o lixo que foi separado para ser reciclado.
De tudo o que chega às centrais de triagem (cooperativas) grande parte é descartada. Esse descarte tem como destino final aterros sanitários, já saturados com o recebimento do lixo orgânico. O descarte se dá por conta de vários fatores como a separação inadequada dos resíduos na origem (residências) ou mesmo por interesses econômicos: se o mercado aponta uma alta no valor da reciclagem de metais, os cooperados dão preferência ao recebimento de latas de refrigerantes e cervejas, descartando embalagens de papelão e de pet.
Se o sinal está vermelho é hora de agir para mudar essa situação, algo que o presidente da Loga Ambiental considera uma tarefa inadiável a ser feita por todos: governo, concessionárias e população. No plano local (região da Sub Lapa) não faltam atores nem recursos (humanos e materiais) para pensarmos coletivamente em ações que favoreçam a coleta seletiva. Eis aí um outro grande desafio a ser vencido comunitariamente.

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