Lições de uma mobilização

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A reação das comunidades da Lapa e da Vila Romana diante da paralização temporária de um importante serviço social na região, a coleta seletiva realizada pela ONG Reciclázaro na Paróquia São João Maria Vianney (Praça Cornélia), é digna de nota. Mesmo em época de distensão das demandas comunitárias (período entre Natal e Ano Novo e início de janeiro), a sociedade civil organizada deu exemplo de como é possível mobilizar forças na era das tecnologias da informação, em particular a internet e o e-mail.
No prazo de alguns dias, uma verdadeira força tarefa, montada a partir da troca de mensagens eletrônicas, articulou estratégias para garantir que uma determinação da Arquidiocese de São Paulo – a transferência do padre José Carlos Spinola (fundador da Riclázaro) para a Paróquia São Domingos Sávio – não significasse o fim da coleta seletiva de lixo regional por parte da Reciclázaro (ver matéria pg 7).
Diante dessa grande mobilização comunitária é possível abstrair um importante aspecto, que pode ser trasnportado para outros campos de luta: a sociedade civil está madura para segurar e conduzir importantes bandeiras sociais e ambientais em diálogo e, muitas vezes embates, com órgãos e estruturas governamentais e religiosas. É o caso da Operação Urbana Água Branca, instrumento de planejamento urbanístico que está em fase de debate em relação aos impactos ambientes diretos e indiretos em áreas da Vila Pompeia e Lapa, entre outros bairros. Ao organizar reuniões preparatórias antecedendo e sucedendo as Audiências Pública convocadas pela Prefeitura, as comunidades locais se apresentam ao debate com um sólido embasamento técnico, aumentando e dando qualidade à capacidade de questionamento diante dos interlocutores oficiais
O amadurecimento dos debates comunitários, de certo, já é de conhecimento do novo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador José Police Neto (PSDB), membro do G-8 (grupo de parlamentares engajados com a região da Subprefeitura da Lapa). Ao assumir o comando da Mesa Diretora da Câmara, ele garantiu que um dos compromissos de sua gestão é fazer com que todos os segmentos da sociedade saibam que “têm o direito de falar e, mais do que isto, têm o direito de serem ouvidos” na sede do Poder Legislativo da cidade de São Paulo.
O contato comunitário mantido com o presidente da Câmara nos leva a crer que as palavras de Police Neto não são apenas exercício de retórica, mas, isto sim, a exteriorização de um ideal: o de revestir o mandato parlamentar de um caráter autêntico, que nada mais é do que a afirmação, por meio dele, da vontade do povo, ou se lapeanamente preferimos, da vontade das comunidades locais.
Portanto, é de se esperar que o nobre vereador Police Neto consiga, de fato, traduzir os anseios comunitários em leis aprovadas pela Câmara Municipal.

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