A política e o Sorocabana

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Fechado desde o dia 1º de setembro de 2010, por conta de uma monumental crise financeira e administrativa, o Hospital Sorocabana é hoje terra de ninguém. A mantenedora do complexo hospitalar da Rua Faustolo está acéfala (presidente e diretoria renunciaram); nenhum associado se manifesta publicamente sobre os destinos da entidade; um empresário da área saúde se transforma, não se sabe como, em superintendente de uma mantenedora (Associação Beneficente Hospitais Sorocabana – Abhs) cujo corpo diretivo não existe ; o governo do Estado de São Paulo (gestões Serra, Goldman e Alckmin), dono do terreno onde está o Sorocabana (área cedida há cinco décadas), assiste a essa vergonhosa e escandalosa situação sem se posicionar; a Prefeitura já não mais se manifesta oficialmente sobre o Sorocabana; a dívida de R$ 300 milhões, fruto de sucessivas gestões nada transparentes, não é alvo de investigação. Tudo somado, quem perde é a população, que se vê privada de hospital e pronto-atendimento de caráter público (Sistema Único de Saúde – SUS).
Haverá no G-8 Lapa algum vereador (governista ou oposicionista) com vontade política suficiente para cobrar providências por parte do governo municipal em relação ao caso Sorocabana, uma verdadeira máquina sanguessuga do dinheiro público (transferência de verbas SUS via Prefeitura) há pelo menos seis anos? Haverá no futuro G-11 Lapa algum deputado estadual capaz de esclarecer, na Assembleia Legislativa, como é que uma entidade, a Abhs, desfrutando da posse de um terreno estadual, levou um hospital de cerca de 300 leitos à bancarrota?
Será que a Abhs é, de fato, uma entidade beneficente? Terá sido esse papel, nos últimos seis anos, cumprido á risca? As quatro últimas gestões presidenciais atuaram de maneira 100% ética e legal? Algumas respostas podem ser obtidas junto ao secretário Municipal da Saúde, Januário Montone, que entre o final de 2009 e início de 2010 manteve no Sorocabana uma equipe de técnicos que tinha, por função, avaliar a saúde de um complexo hospitalar à beira da falência.
Haverá no G-8 e no G-11 algum parlamentar com vontade política para pedir formalmente, ao secretário Montone, que torne público o relatório que sua equipe técnica fez da gestão do Sorocabana. Fato é que tal relatório mostra que havia algo de muito podre nos corredores do hospital da Rua Faustolo.
Haverá, por fim, dentre os membros da comunidade, que nas campanhas eleitorais de 2006 e 2010 respaldaram candidaturas vencedoras de membros do G-8 e G-11, alguém capaz de pressionar os parlamentares para que atuem, junto ao prefeito Kassab e ao governador Geraldo Alckmin no sentido de intervir no Sorocabano, transformando-o num hospital público? As páginas deste jornal estão abertas para as necessárias e imprescindíveis respostas.

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