Uma das principais artérias viárias da Zona Oeste na ligação bairro-centro, a Avenida Francisco Matarazzo, aguentará o aumento do fluxo de veículos assim que a Arena Palmeiras Palmeiras e as torres residenciais e comerciais ao longo de seu eixo forem entregues? Suportará a ponte do Jaguaré o novo volume de tráfego tão logo os edifícios em suas proximidades comecem a ser ocupados? As ruas da Hamburguesa e da própria Leopoldina estariam à altura do incremento de carros circulando localmente depois que as grandes torres na região da caixaria forem finalizadas?
Se você fosse um técnico da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a resposta tenderia para o sim, com um adendo ao construtor: faça-se aqui um retorno, diminua-se acolá um metro de calçada entre dois viadutos, e, o mais importante, se comprometa a sinalizar adequadamente os locais de impacto viário. E se você estivesse ligado a movimentos ambientalistas, seu posicionamento seria crítico, analítico e certamente sua resposta seria não. E o embate estaria montado, o Ministério Publico acionado, a Audiência Pública marcada e como as torres não poderiam ser demolidas, um compensação ambiental sem nenhum grande impacto positivo seria decretada como solução final para todos os males do crescimento desordenado.
Já dissemos diversas vezes que não somos contra a verticalização, desde que ela venha acompanhada de planejamento urbano e implantada com critérios que respeitem a horizontalidade típica de determinadas áreas da cidade
Lamentavelmente, o planejamento urbano numa das maiores metrópoles do mundo não passa de uma peça de ficção, a começar por um Plano Diretor que completa 10 anos e, por força de lei, terá de ser revisado sem que muitos de seus instrumentos sequer tenham sido testados.
Secretarias, autarquias e órgãos municipais ao invés de agirem de forma integrada em matéria de desenvolvimento e ordenamento urbano, têm dificuldade de dialogar ou insistem em empregar tempo e recursos em ações que vão na contramão da cidadania, como é caso dos técnicos da CET em época de Carnaval, a maior festa popular do planeta. Tente pedir à direção do órgão de planejamento e fiscalização do trânsito uma autorização para realizar carnaval de rua num trecho de dois quarteirões em vias de tráfego local reduzido. Mil e um empecilhos serão colocados diante do solicitante de modo a inviabilizar o deferimento do pedido.
Em ano de eleição para prefeito, nada melhor do que levarmos aos candidatos um pedido pontual no que se refere ao Carnaval: regulamentação justa e democrática da folia nas ruas, livrando os blocos carnavalescos da neura da CET, que, neste caso, precisa urgentemente do auxílio de um divã. E bons divãs, com especialistas competentes é o que não falta na região da Sub Lapa.