Nesse período que antecede ao início da campanha eleitoral no rádio e na televisão, já é possível dizer que um dos pontos centrais do debate entre o candidato a prefeito da situação – José Serra (PSDB) – e seus opositores, em particular Fernando Haddad (PT) e Gabriel Chalita (PMDB), será a necessidade de São Paulo firmar parcerias com o governo federal.
Tanto Chalita quanto Haddad, ao participarem da série à Mesa Com Empresários, criticaram a postura fechada das administrações Serra-Kassab em relação à sinergia com Brasília, algo que, segundo eles, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), adotou como estratégia de governo. De fato, em São Paulo, a polarização política PT-PSDB/PSD apresenta um permanente estágio de máxima tensão na disputa pelo poder estadual e do controle da maior cidade da América Latina.
No plano regional (Subprefeitura da Lapa) essa tensão se reflete em nítidos prejuízos à população, como os impactos urbanos causados pela presença da Ceagesp na Vila Leopoldina. A administração do entreposto, de responsabilidade do governo federal, não demonstra boa vontade de dialogar com a Prefeitura. Esta por sua, fecha o cerco ao combate a inúmeras irregularidades que têm a Ceagesp como figura central ou mesmo secundária. Sem diálogo, não se atinge a raiz de problemas como caixaria, avanço de drogas, prostituição infantil e moradores em situação de rua.
A tensão política em nada contribui para por fim à demanda reprimida (nos seis distritos da Sub Lapa) de quase 2 mil vagas em creches municipais , problema que exige ponderação tanto da parte do governo municipal quanto da oposição na liberação e captação de verbas.
Sem entendimento bilateral não se avançará na questão da mobilidade urbana (melhoria dos transportes coletivos, por exemplo), lembrando que o grande adensamento previsto no perímetro Pompeia-Barra Funda-Lapa de Baixo tende ter impactos no trânsito da cidade. Nessa área, Brasília tem o dever de injetar recursos, e São Paulo não pode deixar escapá-los por conta de detalhes burocráticos, como aconteceu na parceria abortada entre a Secretaria Municipal da Educação e o Ministério da Educação para a construção de creches.
Como se vê, a ponte aérea São Paulo-Distrito Federal nunca se fez tão necessária, pois por aqui a demanda por grandes obras é gigantesca, enquanto no Planalto o que não faltam são verbas à disposição dos municípios.