Um salto no tempo: 1954 a 1971

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Foto:

Nereu Mello

O paralelismo é condição de vida.Temos linhas paralelas na contemporaneidade.

Assim vou dar um salto no tempo-espaço: fevereiro de 54: nasce a minha filha Carmem Sílvia, linda e meiga; agosto de 54: Getúlio  suicida- se e a nação se comove; setembro de 55: nasceu o meu amado filho Roberto e nesse ano formei em Direito: Gininha e minha mãe puseram o anel no meu dedo! Vida vitoriosa, devida a duas mulheres notáveis!… que a orquestra inteira toque “alegro vivace alto”! Juscelino é eleito Presidente; 56 a 63: guerra fria amedrontadora; morte de Kennedy; renúncia de Jânio; deposição de Jango; ditadura militar; justiça na Lapa. Associação dos Advogados; junho de 66: nasceu o meu amado filho Ricardo; Festivais de música popular: Chico! Caetano! Roberto Carlos… Desenvolvimento tecnológico: TV, computador, celular, internet, um “mundo só”, nas mãos! Enquanto isso eu dei aulas e advoguei milhares de aulas. Centenas de clientes. Construímos uma casa linda, mas eu ia naufragar em dívidas, multiplicadas à noite pela inflação e juros estapafúrdios; o meu transatlântico só não bateu no “iceberg”, que rasgaria seu casco, porque a Gininha salvou- nos! Um dia, eu cheguei em casa e ela, com seus belos olhos bem abertos, me disse essa frase imensa: “Nereu, eu vendi a casa!”… Como? “É, por meio milhão à vista. Podemos pagar as dívidas e construir outra.” Era isso ou o naufrágio, porque o ginásio sangrava seus alunos para as escolas gratuitas do governo e a advocacia não dava ainda os frutos esperados.

Mas Deus é fiel e foi meu guia: nas trevas deu-me luz e, no temporal terrível, estendeu-me a sua mão, pela mãozinha do meu Anjo Bom! Eram os últimos compassos do meu complexíssimo terceiro movimento… de orquestração fantástica! 

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